quinta-feira, 23 de julho de 2009

IMPRESSÕES DIGITAIS

PORQUE ESCREVO

“Se fosse sólido eu comia. Se fosse líquido eu bebia. Escrevo porque é gasoso.”

Alice Barreira


“Para minha mãe, que se chama Durvalice, no meu caso não há mistério algum. Fiquei sabendo disso durante uma palestra para estudantes numa cidade baiana chamada Alagoinhas, onde fiz o ginásio. Ela vive lá, e estava na platéia. De repente se levantou e disse:

- Eu sempre soube que você ia ser escritor. Descobri isso quando você tinha dois anos de idade.

Perguntei-lhe o que a levara a ter tal certeza, tão prematuramente.

- Eu me lembro, ela respondeu-me. – Eu me lembro muito bem de quando você tinha dois anos e pegou um livro pela primeira vez. Você abriu o livro e ficou um tempão olhando a página. Parecia encantado com as palavras impressas. Fiquei observando, de longe, achando que você ia rasgar aquele livro. Mas não fez isso. Naquele momento eu percebi tudo: se você não rasgava o livro era porque estava lendo ele. Foi nesse dia que eu descobri que você ia ser escritor.

- Mas como isto pode ter acontecido, mamãe? Até onde me lembro, lá em casa não tinha livros. Só passou a ter depois que eu e minhas irmãs fomos para a escola, não foi?

Ela não se deu por vencida:

- E os da igreja, menino? Tinha os livros da igreja!

A platéia a aplaudiu, de pé. Minha mãe roubou a cena.

Se essa história é uma ficção dela, tive bem a quem puxar.”

Antônio Torres, autor de Essa Terra e tantas outras histórias, em depoimento da série “O Escritor por ele mesmo”, do Instituto Moreira Salles.

E você, por que escreve? Escreva para o Patavina’s e conte. Invente, minta. Na literatura, mentir é a melhor verdade. (e mail: cesarcar@uninet.com.br)

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