quinta-feira, 24 de setembro de 2009

CAIU NA REDE É PIXEL



CINCO CARAS - AUTO DE RESISTÊNCIA

O elemento encontrado em flagrante delito na tentativa de evadir-se, é conhecido pela alcunha de Cinco Caras e de alta periculosidade, com passagens anteriores por diversas instituições de recolhimento do Estado. Suas atitudes ilícitas são comprovadas por depoimentos de diversas autoridades assim como por moradores da localidade, envolvendo o tráfico de drogas e vários outros delitos como o jogo clandestino, sendo também comprovado seu parentesco de neto com o foragido Zé do Nove, que comanda o jogo do bicho em toda a região.

Durante o cerco policial à localidade suspeita, o elemento reagiu à voz de prisão, tendo disparado mais de vinte projéteis em direção aos agentes da lei. Após o necessário revide policial para a neutralização do resistente, foram encontradas em seu poder duas granadas de uso exclusivo das Forças Armadas, além cinco quilos de cocaína. O corpo foi recolhido ao Instituto Médico Legal para exame de perícia, tendo todos os trâmites se dado dentro do estrito cumprimento do dever legal.

CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –

HAICONTOS


A NOTÍCIA

A cada manhã, ele acorda às seis e meia, desliga o despertador antes que toque, se levanta sem fazer barulho nem acender a luz, vai até o banheiro, fecha a porta meio emperrada com cuidado, ergue a tábua de madeira, mija, pega a escova na prateleira dentro do box, bota pasta, escova os dentes, bochecha, cospe, passa uma água fria demais no rosto, vai até a sala, tira o pijama, veste a bermuda e a camiseta que deixou esticadas de véspera sobre a poltrona, calça as havaianas, abre a porta da sala com cuidado, desce o lance de escadas, abre a portaria, atravessa a rua, para em frente à banca, espera que cheguem os três jornais, empilha os exemplares, paga com o dinheiro já certo, volta para casa, senta-se em frente à mesa da cozinha e lê atentamente os obituários, à procura da notícia de sua morte.


A PRISÃO

Foi julgado, condenado e levado à cela com vendas nos olhos. No caminho lhe informaram que nas novas prisões não havia grades e lá ele só permaneceria por sua livre vontade, mesmo tendo sido condenado.

Quando pôde tirar a venda estava só na cela e pôs-se a andar apressado com um único pensamento: ir embora dali imediatamente.

Mas a cela é tão ampla que, por mais que caminhe dias e noites sem parar, jamais consegue encontrar a saída.


A VIAGEM

Esse ano conheci Praga, a única capital européia em que ainda não fora. Tive que tomar um dalmadorm e meio pois o vôo era mais longo que o habitual. O cálculo do doutor Castello mais uma vez foi perfeito, acordei com o avião pousando.

As instalações do hotel correspondiam exatamente ao que eu vira no site. Inclusive os cabides vermelhos. Já o bar que escolhi não se mostrou tão agradável assim. O trânsito fazia com que a viagem até lá durasse sempre cinco minutos a mais do que o previsto. Algumas cervejas não vieram na temperatura prometida no e mail. E nem todas as garçonetes aceitaram minhas ofertas monetárias para me acompanhar até o quarto.

Mesmo assim tomei os doze porres, um para cada noite passada na cidade.

Talvez eu volte pro ano.

OUTDOR – poemas visuais –




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BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –



Monteiro Lobato e Dona Benta Encerrabodes de Oliveira
Mário de Andrade e a Índia Tapanhumas

Convidam para a cerimônia religiosa
do casamento de seus filhos

Emília e Macunaíma

A realizar-se às vinte horas do dia 10 de outubro de dois mil e nove,
na Capela do Sítio do Picapau Amarelo.

Após a cerimônia os noivos receberão os convidados
no Petit Trianon da Academia Brasileira de Letras,
Av. Presidente Wilson 203, Castelo

R.S.V.P.: (11) 1802-1922
com Srs. Jiguê, Maanape e Visconde de Sabugosa
Lista de presentes: http/emiliaemacunaima.blogspot.com

IMPRESSÕES DIGITAIS


UM ANIMAL SONHADO POR KAFKA

É um animal com uma cauda grande, de muitos metros de comprimento, parecida com a da raposa. Por vezes eu gostaria de segurá-la, mas é impossível; o animal está sempre em movimento, a cauda sempre de um lado para outro. O animal tem algo de canguru, mas a cabeça pequena e oval não é característica e tem alguma coisa de humano; só os dentes têm força expressiva, quer os esconda ou mostre. Tenho seguidamente a impressão de que o animal quer me amestrar; senão, que propósito pode ter ao retirar-me a cauda quando quero agarrá-la, e depois esperar tranquilamente que ela volte a atrair-me, para logo tornar a saltar?

Franz Kafka.

O texto acima está no Livro dos Seres Imaginários, de Jorge Luiz Borges, onde ele coleta seres da mitologia grega, como o Minotauro e o Cão Cérbero, que guarda a entrada do Inferno (nenhum de nós deseja ir pra lá mas é prudente levar sempre um pequeno osso num dos bolsos da calça), da oriental, como o Elefante de seis presas que predisse o nascimento de Buda, e vários outros, inclusive seres imaginados por escritores, como este animal sonhado por Kafka. Lá estão o unicórnio, a quimera, o devorador das sombras, o macaco de tinta, a mãe das tartarugas, a lebre lunar e muitos outros. É uma enciclopédia do delírio, que vale a pena conhecer.

Kafka, sem dúvida o mais kafkiano dos escritores, entendia de animais imaginários, fantásticos, sonhados ou fugidos de nossos pesadelos. Basta lembrar o ínicio de seu mais famoso texto:

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.”

A tradução é de Modesto Carone, que, assim como Borges, traduziu Kafka. Ou melhor: Carone traduziu direto do alemão para o português toda a obra de Kafka e acaba de lançar pela Companhia das Letras Lição de Kafka, reunião de ensaios, conferências e escritos seus sobre aquele tcheco doido. Vale a pena ler os ensaios de Carone, reler toda a obra de Kafka, ler mais um pouco de Borges e...

Por falar nisso, você sabia que Kafka e Borges já se enfrentaram no Rio?

BORGES VERSUS KAFKA – A LUTA DO SÉCULO

A primeira Bienal do Livro do Rio de Janeiro aconteceu em 1923 e conseguiu uma façanha: juntar na mesma festa literária Jorge Luiz Borges e Franz Kafka. Os dois vieram ao Rio aceitando um desafio: provar qual deles era o melhor. Mas para isso não iriam esgrimir canetas, papéis ou máquinas de escrever. Não. Kafka e Borges vieram ao Rio de Janeiro para se enfrentar em uma luta de boxe, proposta por eles mesmos como a melhor forma de se decidir quem era o melhor escritor, senão do mundo, pelo menos da primeira Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Como Borges já estava praticamente cego, Kafka concordou que a luta fosse disputada em total escuridão. E na noite de 12 de maio de 1923, diante de um recém-construído Maracanãzinho inteiramente lotado e com uma multidão do lado de fora tentando entrar, Kafka e Borges, ajudados por seus segundos, subiram ao ringue construído no centro do estádio. As luzes se apagaram e um silêncio avassalador caiu sobre todos. Ouvia-se apenas o ruído dos tênis dos dois escritores em seu atrito contra o chão emborrachado, as respirações ofegantes e os eventuais gemidos acusando algum golpe mais certeiro. Todos tentavam imaginar quem estaria levando a melhor. De três em três minutos o gongo soava, como que trazendo de volta à realidade aquela multidão. Até que o gongo indicou o final do oitavo round, o último. E as luzes voltaram de súbito, cegando por um instante a multidão. Todos esfregaram os olhos e finalmente puderam ver o ringue vazio. Os dois escritores haviam desaparecido.

PATAVINA’S NEWS



Nosso franco atirador Jean Prévert, diretamente de seu posto avançado em New York.

Le temps perdu / O tempo perdido

Devant la porte de l’usine / Em frente ao portão da fábrica
le travailleur soudant s’arrête / o operário para de repente
le beau temps l’a tiré par la veste / o tempo bom puxou-lhe pelo casaco
et comme il se retourne / e como ele se vira
et regarde le soleil / e olha o sol
tout rouge tout rond / bem vermelho bem redondo
il cligne de l’oeil / ele pisca o olho
familièrement / de um jeito familiar
Dis donc camarade Soleil / Diga lá camarada Sol
tu nes trouves pas / você não acha
que c’est plutôt con / uma puta esculhambação
de donner une journée pareille / dar um dia como esse
à um patron? / a um patrão?

Jaques Prévert


Oi, Cesar,

Estou mais uma vez sentado aqui na Grand Central Station, ouvindo os trens chegarem e partirem, tentando inutilmente reviver os bondes da infância, e te escrevendo. Me lembro bem quando meu pai escreveu o poema Le Temps Perdu, que eu traduzo canhestramente (convivendo com o inglês novaiorquino, esqueço o francês, desaprendo o português e vou acabar mudo). Eu cursava a quarta série e fazia um daqueles belos dias de junho. Estávamos só os dois em casa, minha mãe fora pra Nice cuidar de minha avó, que morreria dois meses depois. Ele me acordou, fez o café para nós dois, pôs o café na xícara, pôs o leite na xícara com café, pôs o açúcar e meia hora depois saímos para ele me deixar na escola. Eu tinha prova de matemática e comecei a ficar preocupado quando meu pai deu de cara com aquele dia de sol e resolver ir a pé. Foi batata, como vocês aí dizem (ou diziam, não sei bem): nos atrasamos e o portão da escola já estava fechado. Eu ensaiei um choro e meu pai começou ali mesmo a fazer o poema, primeiro me pondo para conversar com o sol e fazendo a voz e o jeito de andar do sol. Ele era um irresponsável bem divertido e eu esqueci da prova. E dali fomos para o centro, onde haveria uma passeata, não me lembro de quem e muito menos contra o quê. Lembro sim que chegamos na passeata e ele logo encontrou um amigo fotografando. Era simplesmente Robert Doisneau fazendo um ensaio sobre passeatas para a revista Life. Logo em seguida chegou Henri Cartier Bresson, os dois iam trabalhar juntos. Mas cada um a seu jeito, é claro. Então Henri, munido de uma inacreditável quantidade de filmes, tratou logo de se embrenhar no meio dos manifestantes, enquanto Doisneau e meu pai, munidos de uma sede também inacreditável embrenharam-se no bar da esquina e ali se puseram a conversar e beber copos e mais copos de vinho. Pediam sanduíches, davam o pão pros cachorros e comiam o recheio de pastrami com mostarda preta. O bar ficava na esquina por onde todo mundo chegava para a passeata e assim a mesa ia se enchendo, esvaziando e tornando a encher enquanto a passeata acontecia. Falou-se de tudo, de poesia à revolução, passando pela fabricação de guarda-chuvas e pelas vantagens ou desvantagens do sexo a três. Lá pelo meio da tarde, quando a passeata chegava ao fim (exatamente ali onde estávamos) Doisneau se lembrou do que viera fazer e saiu para fotografar. E meu pai misturou minha fracassada ida à escola com aquela manifestação, para dar a forma final ao poema Le Temps Perdu.

Patavinese-se e abracadabraço do

Jean Prévert

OUTDOR – poemas visuais –



a

l

t

a e

r

e

s

“NÚNCARAS” – po+es+ia


recordação dos ex-alunos da cultura inglesa
turma de 1963


1.

THE DREAM IS OVER
your head
you just have to jump
and catch


2.

ilha de wright tomada pt
cabeças cortadas vg
línguas a prêmio PT
a música não toca mais PT

seguimos
perseguindo
submarino
amarelo


3.

beatlemaníaco depressivo
psicodelicamente
rabisco um cisco
no olho da lua
na rua cheia
tudo se move
nada me comove
a vida roda em vt
um vulto da nossa história
agarra a glória & ninguém vê



Este poema foi publicado no livro A Nossa Moranguíssima Paixão,
publicado pela Editora da UERJ em 1994.
É republicado agora que os Beatles estão cheios de relançamento
e já se pensa até em ressuscitar o John Lennon.
Só falta a Yoko autorizar.

UM CASO CRÔNICO




Eis aí minha crônica da revista Caros Amigos, que já se encontra nas melhores bancas do ramo. No número deste mês: pra que senado?; a Lei Maria da Penha; quem paga imposto?; os EUA na América Latina; a gripe suína no Brasil e uma entrevista com a historiadora Virgínia Fontes.


TRAJETÓRIAS

Você queria transformar o mundo mas se desiludiu com os políticos e resolveu ir pro mato criar galinha. Aí você foi mas as galinhas pegaram uma doença que você nunca ouviu falar porque é da cidade e só conhece gripe, enfarte e colesterol e as bichinhas morreram todas antes de você conseguir vender a sua primeira safra de ovos.

Aí você desistiu de ter uma casa no campo e compor rocks rurais, resolveu realizar os sonhos de juventude e virar surfista. Comprou uma prancha, foi pro Havaí e uma onda de dois metros quebrou sua prancha em três lugares e você em quatro, te deixando horas estendido na areia pra recuperar o fôlego e pegar uma insolação que te levou pra UTI com queimaduras de primeiro grau.

Aí você cansou de cuidar do corpo e resolveu ir pra Índia meditar sobre o futuro da humanidade. Foi e se banhou no Ganges em busca da iluminação mas escureceu, você se perdeu, foi assaltado e levaram tua carteira e teu passaporte.

Aí você decidiu olhar o lado prático da vida. Pegou as últimas economias, aplicou num fundo de commodities com a maior rentabilidade do mercado e o seu fundo tinha financiado o mega-investimento da General Motors que faliu transformando em poeira todos os gigalucros americanos e os seus também.

Aí você foi morar numa favela, num barraco com um colchão e um fogareiro e torrou sua última grana em 50 litros de cachaça que você pretendia beber até morrer. Mas o pastor te mostrou que Jesus podia te salvar, os irmãos quebraram teus 50 litros de cachaça no culto, você doou pra igreja o colchão e o fogareiro, o pastor viu que você era um caso perdido e te expulsou de lá, junto com os teus demônios.

Aí você sai da favela, vai andando pela rua e alguém te entrega um papel onde está escrito: “você queria transformar o mundo mas se desiludiu com os políticos? Madame Marta traz seu senador de volta em três dias”.

Aí...

HOJE É DIA DE VISITA












PRÉ-HISTÓRIA

Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.


Pré-história é do poeta Murilo Mendes, está em seu livro O Visionário, que reúne poemas de 1930 a 1933. Católico e ligado aos surrealistas, Murilo Mendes pode ser definido um pouco por um verso seu: “viva eu que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente”.

Já os desenhos são do artista plástico Flávio de Carvalho. Trata-se da série “Minha Mãe Morrendo”. São nove desenhos em grafite sobre papel, onde ele retrata os instantes finais e agonizantes de sua mãe. (Aqui eu reproduzo cinco deles.)






PATAVINinha’s

O PLAYGROUND DO PATAVINA’S –
ENQUANTO A MAMÃE FAZ COMPRAS NA INTERNET,
AS CRIANÇAS SE DIVERTEM.



UM ELEFANTE ELEGANTE

Elias, o elefante
gosta de andar elegante.
No inverno veste terno.
No verão, um bermudão.

O alfaiate Alfredo
é quem costura sua roupa.
Tem que acordar bem cedo
que a tarefa não é pouca.

Fez um casaco listrado
e um colete estampado.
Duas calças de flanela
e uma cueca amarela.

Com a sobra da fazenda
fez quatro meias de renda
e uma blusa sem gola.
Mas que azar...
Na hora de experimentar
o rabo ficou de fora!

OUTDOR – poemas visuais –


LAMARTINOSWALD

PLEASE MISTER POSTMAN

MEU E MAIL

cesarcar@uninet.com.br


©Cesar Cardoso, 2009. Todos os direitos reservados. Que as pulgas infectadas de 5000 camelos infestem a cama de quem publicar algum texto daqui sem avisar nem dar meu crédito.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

CAIU NA REDE É PIXEL

















AVISO AOS NAUFRAGANTES

Vivemos cercados de outdoors,
anúncios, propagandas.
O que nos dizem, o que lemos,
o que registramos
nessa tempestade de informações?
No meio de tantas mensagens
estamos mais informados?
Ou no reino da publicidade viramos
“chupins desmemoriados”, como disse
o poeta Augusto de Campos, completando:
“só o incomunicável comunica”?

LETRA DANDO SOPA / SOPA DANDO LETRA


LONGA VIDA ÀS ESCRITORAS SUICIDAS

Saiu a nova edição de textos das Escritoras Suicidas, blog de literatura onde escreve Alice Barreira, colaboradora aqui do Patavina’s. Esta edição conta com 36 autoras e traz como temas: “Agora é quase amanhã”, “Brinquedo” e “O Nono mandamento”. Alice Escreveu um conto chamado Brinquedo e que começa assim:

“Um beijo pra Deus e o demônio que vá pro inferno. Agora posso dormir sossegada. É só fechar os olhos com força e não lembrar. O pior é que amanhã de manhã tem culto. Se pelo menos esquecessem de me acordar ou caísse um temporal ou aparecesse um furacão. Mas garanto que logo cedo minha mãe aparece na porta: ‘Tá na hora, vai lavar esse rosto.’ E lá vou eu, manga comprida, um calor de matar, a gola me espetando o pescoço e o coque que a minha mãe cisma em fazer, rodando e rodando meu cabelo. Ela diz que aperta bem pra aparafusar minhas idéias. Me dá é dor de cabeça. Merda de culto, água fria e coque! E mais coisa pra me arrepender.”

Quer conhecer o resto? É só ir lá no blog: http://www.escritorassuicidas.com.br/

CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –


CORRESPONDÊNCIA

S.

Os exames não indicaram nada mas continuo com as dores por todo o corpo e sem conseguir dormir antes das três da manhã. Acordo às sete, pontualmente, com o vômito. Sim, comprimidos de todo tipo, pra dor, pra enjôo, pra febre, pra tudo. E agora umas injeções que tua mãe receitou.
E nada.

Beijo
T.

S.


Ontem consegui sair de casa. E melhor ainda: fui ao banco e renegociei a dívida do cartão. Acho que começo a me acostumar com a tua falta. Mas quando lembro que você está aí com eles. De qualquer forma segui teu conselho. Toda noite, em vez de novela, vou à ala dos pacientes terminais no hospital aqui em frente. Falei no teu nome e eles aceitaram meu trabalho voluntário. Tenho dormido melhor.

Beijo
T.

S.


Deixei tuas coisas na portaria, pode passar a qualquer hora. Felicidades para teus filhos. Que eles não cruzem muito com gente como nós. Meu sono está voltando. Uma vez por semana escolho um dos pacientes e lhe dou repouso. Às vezes uma injeção (tua mãe me ensinou pensando que era pra mim). Às vezes um aparelho desligado. Ou, nos mais debilitados, um rápido sufocamento com o travesseiro. É, você tinha razão. O sono voltou.

Beijo
T.

“NÚNCARAS” – po+es+ia


CAMÕES REMIX

eu cantarei de amor, valor mais alto
as ledas madrugadas devastando
triste engenho que arde, fogo e arte,
novo reino da morte libertando

em perigos e guerras de meus versos
busque amor, ‘inda além da taprobana
que valor de meus olhos não sei como
docemente partiste, força humana

são armas, são barões, edificaram
pelo todo essa parte que me paga
e a tanto não sei como sublimaram

alma minha gentil, é mesmo amor
que, tão contrária a si, a coisa amada
se alevanta, transforma o amador

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –


O METEORO

Todo filme é de época. Toda época é cega. Depois do Renascimento, da imprensa e das grandes navegações, vivemos o Remorrimento. Temos mil capacidades de nos destruirmos. E ao planeta. Depois dos minutos de fama, agora cada um de nós agora terá direito a 15 segundos de terror, jogando uma bomba no seu lugar ou no seu inimigo preferido.

Mas todos eles estão errados, a lua é que quem, afinal? Talvez dos trans-homo sapiens, que do futuro nos pensam, a nós, que desaparecemos. A espécie Homut substitui a humana. Depois do ie-ie-iê, o gen-gen-gen. E vamos tomando ciência pela manhã, bebendo tecnologia pela noite e vomitando história na madrugada.

Eis aqui esse marzinho feito de uma margem só, outras margens vão surgir mas a nossa é uma só. E naufragamos. Isto é a consequência do que acabo? Talvez, mas não é a morte. Graças aos laboratórios criamos guelras e voltamos ao fundo do mar, como a primeira ameba. Lá estaremos a salvo da do terremoto que engoliu o Japão, do espirro que dissolve o cérebro, da gravidez em orelhas de rato? Encontraremos entre as algas mortas a vacina contra deus?

Num mundo tecnopântano rezamos. Apenas nos últimos quatro meses nasceram 428 messias, passearam pelos céus de cianureto 12 mil legiões de anjos com espadas de fogo, de laser, de fibra ótica, de espuma, de nuvem, holográficas. Oitocentas novas bíblias estão sendo escritas no ciber-espaço. Mil e 200 candidatos a Jesus se inscreveram para as próximas eleições. E tudo com desconto no Amazon.

Mas as tentações não nos deixam cair. Grandes corporações escrevem poesia. As indústrias das armas dançam balé. Os cartéis das drogas tocam sonatas. E os discursos se falam sem precisar mais das bocas, das faringes, das cordas vocais, do ar nos pulmões. O silêncio foi proibido em todo o território internacional e todas as letras S foram transformadas em cãezinhos para crianças pela reengenharia genética. Liberdade, liberdade, abre as patas sobre nós.

Todos os fatos são pardos. Que importância têm as coisas? Chips subcutâneos nos fazem reproduzir, escolhem a programação do compceltv, autorizam as compras, bombardeiam países. O fundamentalismo ao alcance de todos. A catatonia em três lições. Os dez pixels para a felicidade.

Até que o meteoro louco veio do nada e nos desdisse a todos.

Alice Barreira

IMPRESSÕES DIGITAIS

JAGUADARTE

Era briluz. As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas
E os momirratos davam grilvos.

“Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra! Bocarra que urra!
Foge da Ave Felfel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassurra!”

Ele arrancou sua espada vorpal
E foi atrás do inimigo do Homundo
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou um dia sonilundo.

E enquanto estava em sussustada sesta
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando através da floresta,
E borbulia um riso louco!

Um, dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem, vem-vai, para trás, para diante!
Cabeça fere, corta e, fera morta,
Ei-lo que volta, galunfante.

“Pois então tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!”
Ele se ria jubileu.

Era briluz. As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas
E os momirratos davam grilvos.


O poema “Jaguadarte” é de Lewis Carroll e está em seu livro Alice Através do Espelho. A tradução dos versos foi feita por Augusto de Campos e está incluída em “Aventuras de Alice”, lançado pela Summus Editorial. A obra, em tradução do poeta Sebastião Uchoa Leite, que morreu em novembro de 2003, reúne Alice no País das Maravilhas, Alice Através do Espelho e outros textos de Carroll, além de fotos suas.

A partir deste poema épico, satírico, Carroll desenvolve a teoria da palavra-valise, em que dois ou mais vocábulos formam uma nova palavra. Esta é a chave para a leitura do texto (uma delas, pelo menos) e um recurso que seguirá sendo usado pelos poetas.

Não sei se o livro ainda é encontrável nas melhores livrarias do ramo, mas certamente os sebos da cidade ainda guardam edições para quem se interessar. Vale a pena. Esse é mais um grande trabalho de Uchoa Leite. Ele afirma na introdução que escreveu: “Que os dois livros mais celebrados de Carroll, Alice in wonderland e Through the loooking-glass, sejam livros para crianças é verdade muito relativa. Na época, talvez. Hoje, mais de um século depois que foram publicados, são cada vez mais leituras para adultos. Também se foi compreendendo que não são apenas caprichosas fantasias. Pois não há nada por trás dos enredos e personagens desses dois livros que não esteja rigorosamente referenciado, seja através de dados da própria existência de Carroll, seja através de inúmeras alusões literárias, científicas, lógico-matemáticas, etc”

TODO PROSA


PEQUENO INDICIONÁRIO DE NUTILIDADES –
FASCÍCULO 4


Algozar
[Do árabe al-guzz-zir.]
V. t. d.

Chegar ao gozo através de seu algoz, de um carrasco que martiriza, suplicia o ser amado, com gestos e objetos que magoam e afligem e que não cessarão até que a vítima atinja o gozo.
Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade, é quem emprega o termo algozar pela primeira vez na literatura ocidental, em seu livro Diálogo entre um Padre e suas Amantes.

Belo-belo
[Do lat. Bellu-bellum.]
S.m.

Pássaro da família dos fingilídeos, encontradiço nas matas de Pernambuco, Bagdá e Cusco. Foi descoberto no início do século XX pelo biólogo recifense Carneiro de Souza Filho, que registrou os hábitos da ave em seu livro A Volta ao Mundo Só num Navio de Vela. Segundo Souza Filho, o belo-belo costuma escolher a solidão dos píncaros para construir seu ninho e só pode ser avistado à luz da primeira estrela brilhando no lusco-fusco. São seus parentes o lero-lero e o fora-zero.

Bocageiro
[Do lat. Bucca + suf. geiro.]
S.m.

Porão existente nas casas das aldeias medievais do norte de Portugal, onde se lia versos e se praticava sexo grupal. Os bocageiros foram destruídos pela Inquisição e seus praticantes queimados em fogueiras, assim como os livros que falavam dos deles e seus autores. O poeta Bocage encontrou algumas citações dos bocageiros em rascunhos de Camões, que leu na Torre do Tombo, em Lisboa, e daí adotou o pseudônimo de Bocage, que usou pela vida toda e acabou registrando como sendo seu real sobrenome.

Cão de Agosto
[Do lat. Cane Augustus.]
S.m.

1.Um dos cães que guarda a entrada do Inferno, o cão de agosto sofreu esse castigo por ser o cão de Judas e ter lealmente permanecido sob a figueira em que seu dono se enforcou.
2. Constelação austral a noroeste do Cruzeiro do Sul, cuja estrela mais brilhante é Cérbero.

Deslogradouro
[Do lat. tard. deslucradior, por via popular.]
S.m.

1. Lugar onde não se goza.
2. Órgão sexual das virgens, das freiras.
3. Espaço público interditado à prática sexual.

Flor-pescada
[do lat. Florepescum.]
S.f.

Ser vivo que habita os igarapés amazônicos, a Flor-Pescada, também conhecida como Pisceflor, é metade animal e metade vegetal. Dependendo do perigo que a ameaça, essa espécie assume a sua forma de planta, flor-pescada, ou de peixe, o pisceflor. Pré-histórica e mitológica, ela costuma se esconder nas Terras do Sem Fim para fugir de seu principal predador, a cobra Norato.

Muiraquitar
[Do tupi imuii-iriaquitã.]
V.t.s. Bras. Amaz.

Ato de batizar pequenas esculturas em forma de sapos e serpentes, feitas em pedra-de-mãe-d’água pelos índios Jiguês, do Baixo Rio Solimões. Dessa forma elas passam a ter poderes mágicos e protegem seus donos dos ataques dos maanapes, demônios que habitam as florestas e as partes mais fundas dos rios.


Zerocórnio
[Do ár. zéfiro + lat.pop. cornu.]
S. m.

1. Espécie de rinoceronte que vive na África Setentrional Sonhada. Não possui chifres nem corpo e a boca que não tem emite sons semelhantes às três últimas vogais de nosso alfabeto. Para que ele se reproduza é preciso que alguém sonhe com a África Setentrional por tempo suficiente para que o zerocórnio percorra as densas florestas da região, encontre uma fêmea no cio e então copule.

2. Substância do chifre desse animal, que seria mágica e teria ressuscitado Lázaro.

- LHUFAS - coisa com coisa nenhuma –


COMUNICADOS


Caros Senhores Condôminos,

Faremos realizar, no dia 27 vindouro deste mês de Setembro, nova assembléia no apartamento de nº 803, visando encetar estudos sobre o orçamento para o conserto da caixa de água. Levaremos a efeito uma primeira chamada exatamente às 20 e 30 horas. E uma outra, às 21 horas em ponto e decorridos, portanto, 30 minutos. Então, e só então, terão início os trabalhos, desde que presentes dois terços dos proprietários, para obtermos o qüórum necessário.

Outrossim,

O Síndico

* * *

A família de Ludimar Brilhaltino cumpre o doloroso dever de comunicar o seu falecimento e convida parentes e amigos para o seu sepultamento, que sairá da Capela Três do Cemitério de Santo Expedito, às 20:30 hs.

* * *

Prezados Funcionários,

Não mais serão tolerados os constantes atrasos. Que vêm se verificando no horário do almoço, para sanar este problema foi instituído o Cartão de Ponto Alimentar. Que deve ser retirado por cada funcionário em sua respectiva, chefia.

Depto. Pessoal

* * *

Torcedor Amigo,

Já se encontram à venda, na remodelada portaria de nosso glorioso clube, os bonitos carnês para a sensacional decisão do renhido campeonato de handball entre nossa briosa equipe e o Campineiro (que só o magnânimo Deus e a descabida conta bancária do salafrário presidente da federação sabem como chegou à emocionante final). O referido e bem-acabado carnê inclui a disputada passagem em confortável ônibus-leito e o cobiçado ingresso no Campineirão. Solicitamos aos nossos esfuziantes associados que levem a contagiante alegria mas deixem em casa os perigosos morteiros.

Torcida Organizada O Terror da Arquibancada

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Os parentes de Ludimar Brilhaltino têm o pesar de comunicar. Que por falta de quórum seu sepultamento foi transferido para o dia 27 vindouro. Aos funcionários e amigos voltamos a avisar. Que se trata de seu FALECIMENTO! O féretro sairá da Capela nº 803 do Cemitério do Campineiro de Futebol e Regatas, no horário do almoço.

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Funcionários,

Seguindo legislação federal somente serão abonados lastimáveis atrasos e imperdoáveis faltas mediante acintosa apresentação de verídico atestado. Reuniões de condomínio e enterros de amigos não constituem motivo de abono. Muito menos excursões para jogos de handball. Isso é um achincalhe!

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Senhores Condôminos,

Deve comparecer às reuniões. Apenas e tão somente UM proprietário por apartamento. Não adianta trazer a mãe, a irmã e os filhos. Cunhado. Muito menos que nem é parente. E é claro que não será permitida a entrada, de animais. A falta de água já poderia ter sido sanada. E nós não vamos remodelar, portaria nenhuma.

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Torcedor,

Não permitiremos a presença de bandeiras vermelhas no ônibus. Todos conhecem as vivas cores de nosso pendão auri-anil: roxo e marrrom. Vermelho é a cor do inimigo Campineiro que, solerte, nos espera nas esquinas daquele fim de mundo que eles chamam de Cidade-Luz. Enquanto isso não se resolver continuarão os constantes atrasos.

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Condôminos,

Ao proibir a entrada de animais na assembléia eu estava com escarradas de razão. Daí a me acusarem pelo sumiço do pastor alemão do apartamento de nº 304 é um candelabro que eu não vou tolerar. O Sr. Ludimar Brilhatino pode chamar a polícia, a Sociedade Protetora dos Animais e o diabo a quatro . E nem me interessa de que federação ele é presidente. Eu tenho a consciência limpa. E por falar em limpeza, seu bando de porcos, sem assembléia neca de água.

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Ô,

Quando organizamos a excursão ficou bem claro que se destinava aos associados. E não me consta que tenhamos um pastor alemão como sócio! Ou o engraçadinho que trouxe essa fera para cá se apresenta ou essa merda desse ônibus não sai. Lembro a todos que nossos bravos rapazes aguardam o incentivo fervoroso dessa ufaneira torcida. Brepa Urra Rei! Nosso grito de guerra que seus tímpanos atentos anseiam ouvir reboar pelo estádio do Campineiro. Vamos lá, pessoal: tirem esse cachorro daqui!

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Atenção empregados,

Não vamos admitir o vandalismo caracterizado pelas lamentáveis ocorrências de ontem à noite. Para o reinício das negociações a Diretoria exige que sejam retirados: 1. Do pátio principal o confortável ônibus-leito ali estacionado. 2. Do corredor AA, o caixão ali pousado por ocasião do enterro simbólico da magnânima e injustiçada pessoa de nosso gerente geral. 3. De toda a empresa, as bandeiras de cores roxa e marrom, com os dizeres ”abaixo o síndico, viva o sindicato!”.

Lembramos ainda que a produção e manutenção de caixas de água em cemitérios é considerada atividade essencial para a economia da nação e, desta forma, é regida por legislação especial que não permite assembléias e muito menos greves.

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A Sociedade Protetora dos Animais de Arquibancada tem o apesar de comunicar o desfalecimento do pastor alemão Condômino, por tantos anos mascote do Campineiro de Futebol e Capela. O féretro sairá do Edifício Cidade-Luz, apartamento 304, assim que a gentalha com bandeiras vermelhas que lá se instalou pare de soltar morteiros.

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Caros Prezados da Associação Atlética Caixa De Água e Achincalhe,

Nossa sensacional greve visa dar início à final do Campeonato de Féretro Brioso. Eu pediria aos gerentes gerais do Campineiro que desocupassem a remodelada Capela. Não é hora para isso, minha gente. Calma! Infelizmente reafirmamos que parentes e amigos não serão admitidos no recinto. É absolutamente necessária a identificação: morteiro na mão direita, carteirinha de síndico com a conta bancária em dia na mão esquerda. Para cunhados basta o atestado. Isso, vamos lá! E atenção: eu pediria a todos que tremulassem seus cartões de ponto alimentar para saudar a estrela dessa noite. Três vivas para Ludimar Brilhaltino. Brepa Urra Rei!

OUTDOR – poemas visuais –





HIGNORÂNCIA

IGNORÂNSSIA

YGNORÂNCIA

IGUINORÂNCIA

IGNORÂMCIA

IGNORÂNÇIA

IGNORÂNCYA

IGNORANCIA

IGNORÂNCIA

PATAVINinha’s


O PLAYGROUND DO PATAVINA’S –
ENQUANTO A MAMÃE FAZ COMPRAS NA INTERNET,
AS CRIANÇAS SE DIVERTEM.


O JACARÉ ANDRÉ

O jacaré André
tem uma barba
bem amarela.
O pai dele
é muito velho
e se chama
Jacareca.

André tem uma toca
na beira do lago
e é o mais corajoso
dos bichos do mato.
Enfrenta até um tufão
dá susto em assombração
se agarra com carrapato.

Só duas coisas
ele teme de fato:
virar bolsa de madame
ou então par de sapato.

[ O poema O Jacaré André foi publicado no livro Manu,Ela (Editorial Nórdica), que, assim como o jacaré, entrou em extinção. ]