terça-feira, 22 de junho de 2010

CAIU NA REDE É PIXEL


luz
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nosso
amor
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CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –

NOVOS HAICONTOS DE ALICE BARREIRA

Meu irmão,

Quem sou eu para negar um pedido de meu público, esta gente submissa? Adoraria amarrá-los e dar em todos umas boas chicotadas. Ou pode ser com você mesmo. Topas?

Beijos da mana,

Alice


Cara irmã,

Topo pagar mais um ano de terapia pra você. E obrigado pelos textos.

Beijo

Cesar


as nãopatias - 2

Para alimentar seus inimigos
Espere chegar o mês de agosto. Então, em uma bacia, misture dois litros de seu perfume preferido e sete colheres de sopa de urina de rato. Leve ao fogo. Quando estiver fervendo, coloque suas mãos em imersão até que a pele se solte, depois a carne e por fim os nervos. Tempere com pimenta, sal e noz moscada e sirva.

Para fazer a pessoa amada pensar em você
Pegue a polpa de dez morangos, abra a cabeça da pessoa amada com golpes de talhadeira e deposite ali os morangos. Recoloque os pedaços da cabeça no lugar e envolva tudo com sudários até que, por milagre, o sangue estanque. Quando a infecção supurar marque a data de seu casamento.

Para que lacraias entrem em seu ouvido durante o sono
Numa noite de quarto minguante, procure o tronco podre de uma figueira numa praça ou num parque. Deite-se ao pé dela e faça uma trilha de excrementos de serpente das raízes até seu ouvido esquerdo. Espere as lacraias seguirem a trilha, entrarem em seu ouvido e aguilhoarem seu tímpano. O inchaço resultante será aliviado pelos túneis que as lacraias cavarão dentro de sua cabeça. Deixe-se embalar pelo ruídos de suas patas e só então adormeça e sonhe.

Para que o bebê rejeite seu leite
Unte seus seios com uma pasta de mel e curare. Dê o seio para o bebê. A princípio ele vai rejeitar devido às queimaduras que o curare causará em seus lábios. Mas a fome vai ser mais forte que o medo do veneno. Em três dias começarão os vômitos.

Para ser reconhecido por animais das florestas de Bangla desh
Desaprenda a falar e a ouvir. Passe a caçar seus alimentos, começando com insetos e, aos poucos, matando pequenos mamíferos, até chegar a seus familiares. Lembre-se de agradecer a Deus o alimento que ele lhe dá e você estará pronto.

Para ter feridas que não cicatrizem
Vá morar em frente a uma igreja. Cubra a sua cama com sete quilos de açúcar do tipo demerara. Quando o sino da igreja marcar as seis horas da tarde, pegue uma navalha e vá separando a pele das canelas até que as veias fiquem à mostra, sempre repetindo: “navalha-me Deus na terra”. Deite-se então na cama, cubra-se com o açúcar e espere as formigas sentirem o cheiro e chegarem. Repita esse procedimento por sete semanas, cada vez subindo mais os cortes pelo seu corpo, até chegar aos olhos.

Para que seu filho não tenha mais medo da noite
Numa madrugada sem lua, acorde seu filho mais novo com gritos, pegue-o pela mão, atravesse com ele o corredor da noite, ceguem o cachorro, currem dois sonhos e matem o irmão mais velho. Em seguida vão dormir que já é tarde.

RINHA DE GALINHA


Por Don King -
nosso correspondente na Academia Brasileira de Letras e Artes Marciais

Well, apesar de ele ter jurado que não era forte e nunca praticou esporte,
botei Noel Rosa pra brigar com Caetano Veloso.
A Fera da Vila ataca de Pra Que Mentir.
O Leãozinho de Salvador rebate com Dom de Iludir.
E o pau come na casa de Noca! Holly Shit!

PRA QUE MENTIR / / / DOM DE ILUDIR
Noel Rosa e Vadico / / / Caetano Veloso

Pra que mentir / / / Não me venha falar
se tu ainda não tens / / / na malícia de toda mulher
esse dom de saber iludir? / / / cada um sabe a dor e a delícia
Pra quê? Pra que mentir / / / de ser o que é
se não há necessidade de me trair? / / / não me olhe como se a polícia
Pra que mentir, / / / andasse atrás de mim
se tu ainda não tens / / / cale a boca e não cale na boca
a malícia de toda mulher? / / / notícia ruim
Pra que mentir / / / você sabe explicar
se eu sei que gostas de outro / / / você sabe entender
que te diz que não te quer? / / / tudo bem
Pra que mentir / / / você está, você é
tanto assim / / / você faz, você quer
se tu sabes que eu já sei / / / você tem
que tu não gostas de mim? / / / você diz a verdade
Se tu sabes que eu te quero / / / e a verdade é o seu dom de iludir
apesar de ser traído / / / como pode querer
pelo teu ódio sincero / / / que a mulher
ou por teu amor fingido? / / / vá viver sem mentir

NOVAS CAROCHINHAS

Decreto-lei n° 477 - de 26 de fevereiro de 1969

Dispõe sobre o jogo do caxangá e dá outras providências.

O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o parágrafo 1° do Art. 2° do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, decreta:

Art 1° Comete grave infração contra a pátria e seus símbolos o escravo de Jó que:

I – For pego jogando o caxangá ou incite a realização de tal jogo;

II - Pratique atos destinados à organização do citado jogo, tais como tirar, botar ou deixar o Zé Pereira ficar;

§ 1° Está proibida em todo o território nacional a reunião de guerreiros com guerreiros.

§ 2° Qualquer guerreiro que for encontrado fazendo o zigue-zigue-zá será encarcerado,
responderá a processo nos termos da lei em vigor e terá solicitada a sua retirada do território nacional.

Art 2° O Sr. Zé Pereira está proibido de ficar, a partir da data de entrada em vigor deste
decreto, devendo-se se apresentar ao Departamento de Ordem Pública e Segurança, onde aguardará julgamento.

Art. 3° Aquele que souber do paradeiro do Sr. Zé Pereira deve comunicar imediatamente às autoridades. Caso contrário estará sujeito às penas das leis que vierem ser estabelecidas sobre tal matéria.

Art. 4° O Ministro de Estado das Cantigas de Roda expedirá, dentro de trinta dias, contados da data de sua publicação, instruções para a execução deste Decreto-Lei.

Art. 4° Este Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –




O PAI DOS BURROS
GUIA IMPRATICÁVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
CAPÍTULO 9

Eis que me deparo com a forma sensual da letra S, que por mim passa e perpassa, qual onda do mar. E, súbito, tombo no T geométrico. E o pego pela ponta, pela pinta, servindo de sombrinha para dançar um frevo. E sou rei. Troco meu reino, não por um cavalo, mas pela simples ferradura que se me revela na letra U.
Aí está, ó chusma de cavalgaduras: lingüística também é poesia.

S
SAARA - Muulher do Jaacó.
SABATINA - Batina para usar aos sábados.
SABINADA - Revolução ocorrida na Bahia, em 1848, organizada por todos os estudantes reprovados naquele ano.
SABOTAR - Esconder as botas.
SALPICADO - Grão de cloreto de sódio, subdividido em pequenas frações.
SACIAR- Matar a fome do Saci.
SAPONÁCEO - Sabão para lavar sapos.
SECESSÃO - Setor de repartição pública onde trabalham os gagos.
SEGREGAÇÃO - Ato de marginalizar os gregos.
SERIADO - Filme sério, em capítulos.
SESSENTONA - Mulher sexagenária que não se levanta mais.
SILVICULTURA - Estudo da árvore genealógica dos Silva.
SINTÁTICO - Acordo entre políticos.
SINTOMÁTICO - Mal-estar causado pela ingestão excessiva de tomates.
SIRIRICA - Masturbação no órgão sexual dos siris.
T
TACACÁ - Diz-se do escritor que utiliza indiscriminadamente a letra K.
TALENTO - Inteligência excepcional, porém vagarosa.
TARTARUGA - Tipo de ruga que ataca somente as mulheres tártaras.
TARUGO - Indivíduo chamado Hugo, baixinho e atarracado.
TATUADOR - Profissional que desenha na epiderme do tatu.
TAUROMAQUIA - Arte de maquiar o touro.
TECNICOLOR - Crioulo encarregado de dirigir equipes esportivas.
TENDÃO - Barraca para acampar, de grandes proporções, criada pelo hippie Aquiles.
TERNURA - Ato de dar carinho aos ternos.
TONIFICAR - Dar vitamina pro Tonico.
TRANSPIRAR - Enlouquecer, fazendo meditação em saunas.
TRIGAL - Cantora baiana elevada ao cubo.
TRINTA E QUATRO E MEIO - Sessenta e nove praticado por uma só pessoa.

U
ULTRAJE - Roupa extremamente indecorosa.
ULTRAMAR - Engendrar tramas em pleno oceano.
ULULAR - Saudar o líder do PT.
UMBANDA - Grupo musical de origem africana.
UNDENBERG - Filme underground do Bergman.
URBANISMO - Ato de banir as pessoas de suas cidades.
URREI - Expressão popular indicativa da chegada de Sua Alteza.
UTOPIA - Lavatório imaginário, inventado pelo sanitarista inglês Thomas Morus.

Analfas e analfos, semana que vem tem mais!

CAROS AMIGOS

Lá vai minha crônica da revista Caros Amigos de junho, que já está nas melhores bancas do ramo.

Pai Zidane de Ogum revela:

QUEM VAI GANHAR A COPA!

Vamos lá, Brasil, todos juntos, mas em fila indiana senão vira zona!

ABERTURA
O destaque da festa é a seleção da Coreia do Sul explicando como diferenciar seus jogadores dos da Coréia do Norte. E vice-versa.
Surpresa: Neimar e Ganso estão na Copa! Um grupo separatista sérvio sequestrou os dois, levou-os pra lá e, pra libertá-los, exige a devolução de Montenegro, do Kosovo e do imposto de renda do ano passado.

OITAVAS DE FINAL
No intervalo do jogo com a Argentina, a seleção grega invade o vestiário adversário e bate a carteira de Maradona. É que com a crise grega o FMI embolsou a grana que era pra pagar o hotel.

A FIFA permite que os atletas atuem de terno e boné, dando mais espaço pras seleções venderem publicidade. É permitido também que os apitos dos juízes toquem jingles ao serem soprados.

QUARTAS DE FINAL
Camarões, a grande surpresa da Copa, é eliminado. Seus três craques - Mukeka, Bobó e Caruru - não passam no exame antidoping porque estão com o prazo de validade vencido.

SEMIFINAL
Por fim Neimar e Ganso são libertados e jogam! Mas é pela seleção de Honduras. Eles comem a bola e desclassificam o Brasil.

Na outra partida, Eslovênia e Eslováquia se juntam, formam a Eslovaquênia e derrotam a Alemanha. Em represália o papa invade o campo e excomunga os eslovaquênios.

FINAL
A Nike decide que a final será EUA x Irã, pra dar mais emoção e renda. Mas logo aos dez minutos um zagueiro iraniano acerta uma bolada nas torres gêmeas da mulher do Obama, que assiste o jogo atrás do gol. Os americanos protestam, o tumulto se generaliza e tem início a Terceira Guerra Mundial.

UM CASO CRÔNICO

ELES & ELAS & ELAS & ELES

(Eles fazem gols com a ajuda de Deus, eles peidam silenciosamente no sofá domingo à noite, eles pedem mais um chopp e riem, eles reformam a porta do banheiro, eles investem em fundos arrojados, eles choram segundas pelo ano inteiro, eles se emocionam com o trabalho de fim de ano dos filhos na escola, eles gostam do índice nasdak, eles aproveitam o almoço para contar aquela grande piada, eles investigam as palpitações, eles deixam um recado na caixa postal pedindo “calma, mamãe”, eles sentem saudades do pré-molar, eles acham o país uma grande piada, eles param de fumar, eles dão graças a Deus.)

(Elas levam o cachorro para passear, elas nunca dizem não, elas têm questões importantes para colocar na reunião de condomínio, elas recomendam o sal para a carne e o silvo para a bandeja de prata que pertenceu à avó, elas compram ração pro cachorro, elas alugam os olhos pras novelas, elas levam os filhos para fazer tatuagem, elas aprendem a ginástica para sorrir com todos os seus dentes, elas nunca dizem sim, elas acompanham atentas os avanços da ciência domingo à noite, elas acreditam na importância do air bag, elas combatem a prisão de ventre, elas limpam as patinhas do cachorro ao voltar para casa.)

(Eles se dividem entre São Paulo e Rio, elas controlam a osteoporose, eles querem saber que poça é essa no elevador, elas não sabem onde colocaram os óculos, eles selecionam com critério o que vão deixar nas mãos de Deus, elas checam os e mails, eles se opõem firmemente, elas nunca mais na vida irão à Serra Gaúcha, eles usam a manhã de sábado para analisar os novos modelos de celular, elas quebram as unhas com tanta facilidade, eles pensam em frango com cenoura, elas talvez troquem de hobby, eles querem parar de fuder com a mulher do amigo, elas lutam pelo desentupimento da pia, eles já sabem, elas evitam, eles gostariam de escolher as meias, elas examinam a pele do cachorro, eles cheiram a marca de baba no travesseiro dela, elas não sabem onde anotaram a senha da mala de viagem, eles julgam que o melhor tempo para o sleep da televisão é noventa minutos, elas aproveitam as tardes de quinta para se masturbarem, eles levitam, elas burkam, eles quase nunca esquecem o remédio, elas deixam tudo encaminhado, eles tingem, elas se dirigem à, eles só não gostam da decolagem, elas analisam os sintomas, eles se ajoelham, elas pensam em batizar o cachorro.)

(Sugestão ao leitor: substitua ela por ele e ele por ela. Releia.)

Esta crônica faz parte do livro “Venha Ser Um Criminoso”, a ser lançado ainda neste milênio.

PLEASE MISTER POSTMAN


Meu e mail: cesarcar@uninet.com.br

©Cesar Cardoso, 2010. Todos os direitos e esquerdos reservados. Que os piolhos infectados de 18 mil camelos infestem as partes pudendas de quem publicar algum texto daqui sem avisar nem dar meu crédito.

THAT’S ALL, FOLKS!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

“EU CANTAREI DE AMOR TÃO DOCEMENTE”

Balada do Amor através das Idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.

Eu era grego,
você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigámos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

(Carlos Drummond de Andrade, em Alguma Poesia, edição comemorativa dos 80 anos do livro, Instituto Moreira Salles.)


AMAR
AMAROSLIVROSOSAMIGOSASMULHERES
AMARPREAMARMIRAMAR
AMAREMOTOSAMARAMITOSAMALGAMAR
AMARASMARÉS
&DESAMAR&REAMAR&DIFAMAR&DERRAMAR
EESSSSPPPPAARRRRRRRRAAMMMMAARRRR
AMARAMORATÉAMORTE

(Alice Barreira, inédito)



A Solidão e Sua Porta

Quando nada mais resistir que valha
A pena de viver e a dor de amar,
Quando nada mais interessar,
Nem o torpor do sono que se espalha;

Quando, pelo desuso da navalha,
A barba livremente caminhar
E até Deus em silêncio se afastar,
Deixando-te sozinho na batalha,

A arquitetar na sombra a despedida
Do mundo que te foi contraditório,
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo o que é insolvente e provisório,
E de que ainda tens uma saída:
Entrar no acaso e amar o transitório.

(Carlos Pena Filho, em Os Melhores Poemas de Carlos Pena Filho, Editora Global.)


1.
pula do alto do morro
amarrado ao grito de socorro

um brinde e deixa a vida
guaraná com formicida

abre o gás do aquecedor
e dorme a dor

dois cortes nos pulsos
dão ao sangue um novo curso

enquanto tudo se arvora em plena festa
a vida se esvai por uma fresta

2.
joana rasga as fotos
do amor já torto e roto

waldemar toca a beber
pra matar a embriaguez

martins arranha os discos
e por fim o prego no ouvido

inês dá três tiros na aorta
três seu número da sorte

as pazes se desfazem
a cara cospe a metade

resta sem ganir o cão
que ainda fareja as mãos

onde já não há pessoa
só o cachorro perdoa

(Cesar Cardoso, em Coisa, Diacho, Tralha, ainda inédito)

34.

Seu João, perdido de catarata negra nos dois olhos:
- Meu consolo que, em vez de Nhá Biela, vejo uma nuvem.


(Dalton Trevisan, no livro 11 Ais, L&PM Pocket.)

se eu não vejo a mulher que eu mais desejo
nada que eu veja
vale o que eu não vejo

(Poeta Provençal Bernart de Ventadorn, traduzido por Augusto de Campos)


XXII

Toma para teu gozo
Este rio de saudade.
Nenhum recobrirá teu corpo
Com tamanha leveza
E tal gosto.

Ainda que sejam muitos
Os largos rios da Terra.

Toma para teu gozo
Minha dor e insanidade
De nunca voltar a ver
Meu próprio rosto.
E aguarda uma tarde sem tempo
Quando serei apenas retalhada

Um espelho molhado de umas águas.

(Hilda Hilst, em Cantares, Editora Globo)


que tempo racorda o espaço de desejos
reais como canções de realejo?

nuvens finauguram oceanos
mares trescalando saltiplanos

seus medos mudos modos nos aflitam
suas calmas de telhados nos visitam

ou planetas galáxias luniversos
ou jogos de palavras, simples versos

a curva desse a!mor e seus encontros
a melhor distância entre dois pontos

(Cesar Cardoso)

Soneto Já Antigo

Olha Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aí de Londres
embora não o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de

Londres p’ra Iorque, onde nasceste (dizes...
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes,

Embora não o saibas, que morri...
Mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará... Depois vai dar

a notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!

(Álvaro de Campos, em Poesia - Álvaro de Campos, Cia das Letras)


Soneto Ninfeta (2000)

Dedico-te esta dávida, ó Dolores,
musa divina, diva doidivanas!
Recebe de presente estes sacanas
bichinhos de pelúcia chupadores!

Serão teus companheiros quando fores
Brincar de bestialismo. Sem as xanas
de tuas amiguinhas ou das manas,
te sentes tão sozinha e tens tremores!

Coitada da Dolô! Quem dera fosse
dotada duma mansa passarinha!
Mas não! É uma ninfômana precoce

Já desde pequenina se entretinha
em jogos. Ao invés da bala doce,
chupava e era chupada na tetinha.

(Glauco Mattoso em Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil – organização de Claudio Daniel e Frederico Barbosa. Landy Editora.)


61.

- Você conhece o antigo rótulo da Emulsão de Scott? Assim eu me sinto. Casada... Não, não. Cansada, isso. Ao peso do eterno bacalhau nas costas.

(Dalton Trevisan, no livro 11 Ais, L&PM Pocket.)


Noite Branca

insônia sem seu corpo
desejo no vazio
frio e chuvoso

hora tanta larga e lenta
sem sono sem movimento

só um som se inicia nesse suspiro
imagem insidiosa e incendiária
esses “esses” se insinuando
na memória das suas curvas
no sonho silêncio dos seus seios

(Frederico Barbosa, em Cantar de Amor entre os Escombros, Landy Editora.)

estamos sob o mesmo teto
secreto
onde o sol indesejável é barrado
eu e você
sob o mesmo nós
dois, sóis,
sob o mesmo pôr
(o enigma do amor)
do sol
onde todo contorno finda
estamos
sob a mesma pálpebra
agora
já e ainda
intactos de aurora

(Arnaldo Antunes em 2 ou + corpos no mesmo espaço, Editora Perspectiva)


O sempre amor

Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
amor é coisa que mais quero.

(Adélia Prado, no cd “Adélia Prado – o sempre amor”.)


VIDA A UM

- Ainda reclama de mim e se acha infeliz. E eu, que nem posso dar uma saidinha, que tenho que ficar comigo 24 horas por dia?

(Alice Barreira, em Haicontos, Editora 2, Lisboa, Portugal.)


como não te perderia
se te amei perdidamente
se em teus lábios eu sorvia
néctar quando sorrias
se quando estavas presente
era eu que não me achava
e quando tu não estavas
eu também ficava ausente
se eras minha fantasia
elevada a poesia
se nasceste em meu poente
como não te perderia

(Antonio Cícero em A Cidade e os Livros, Editora Record)


HAPPY END

o meu amor e eu
nascemos um para o outro

agora só falta quem nos apresente

(Cacaso em lero-lero, 7 Letras e Cosak & Naify)


XLII

Amor, querem alguns, conquista terras,
rompe fronteiras, finca a cruz da posse,
alcança o topo das montanhas. Erra,
penso, quem pensa assim. Será que posso

recitar-te a receita, amor, do amor
perfeito? Não se mova, aceite o toque,
o sobressalto, o susto (e aonde for
deixe-o ir: “do destino ninguém foge”)

- esses truques que a mente não entende,
bruxarias, brinquedos de duende
desocupado ou vento vagabundo.

Brinde em silêncio, faça a volta ao mundo
sem sair do lugar, aí, contigo,
e amor será por certo teu amigo.


(Tite de Lemos em Caderno de Sonetos, Ed. Nova Fronteira)


lembro da tua pele branca
que minha alma já assinara

brancura que nunca fora
rindo o vinho derramado

sonho de teu gozo antigo
com ânsias de cartomante

mares dantes do castelo
cartas nunca navegadas

ai quiséramos amores
naufrágios assinalados

(Cesar Cardoso)

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.


Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não।

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


(Carlos Drummond de Andrade, em Antologia Poética, Editora Record)


a quadrilha de mata-cavalos

bentinho amava capitu que amava escobar
que amava iaiá garcia que amava brás cubas que amava carolina
que não amava ninguém.
bentinho foi pra o engenho novo, capitu para a suíça,
escobar morreu afogado, iaiá garcia acabou na tv,
brás cubas foi o primeiro defunto-autor
e carolina casou-se com joaquim maria machado de assis
que sempre quis entrar para a história.

(Cesar Cardoso)


*
amor que parte o claro riso
em querer desmedido
e recusa insana

amor que me toma
como um carrossel de sóis
e um girassol de lâmpadas

vê se me alumia
me esclarece
me doma

***
amor que vence os tigres
vê se vence a mim

e me arrasa e me ilumina

para que eu saiba
saber o sim

(Antônio Risério em Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil – organização de Claudio Daniel e Frederico Barbosa. Landy Editora.)


minha memória evapore
feito a água
de uma lágrima

minha lembrança se vá
sem deixar lembrança alguma
em seu devido lugar

se um dia eu esquecer
que você nunca me esquecerá

(Paulo Leminski em La Vie em Close, Editora Brasiliense.)


SONETO SENTIMENTAL

O que você chama de amor é isso?
Essa perda do parco tempo e espaço
que ainda te restam, esse desperdício
de esperma? Esse viver sempre em compasso
de espera, sempre com o mesmo desfecho
que te faz dar o que te falta mais?
Que amor mais besta – uma espécie de peixe
palerma, que nada, nada e não sai
do lugar – é isso? Esse diz-que-diz
que não te deixa louco por um triz
e só te inspira mesmo ódio e horror?
Que te machuca tanto que no fim
não dá pra perdoar? É isso? Sim,
é isso que você chama de amor.

(Paulo Henriques Brito em Tarde, Ed. Companhia das Letras.)


setembro

Nunca mais será setembro,
nunca mais a tua voz dizendo
nunca mais, eu lembro,

nunca mais, eu não esqueço,
a pele, nunca mais,
o teu olhar quebrado,

dividido, vou esquecê-lo,
é o que te digo, nunca mais
a minha mão no teu sorriso,

a tua voz cantando,
vou apagá-la para sempre,
e os nossos dias, setembro, lembro

bem, dentro a tua voz dizendo não
(ouço ainda agora), como se quebrasse
Um copo, mil copos, contra o muro.

Rasgarei o que não houve, o que seria,
mesmo que tudo em mim me diga não
(e diz), mas é preciso.

Como não se pensa mais um pensamento,
quero, prometo:
nunca mais será setembro.

(Eucanaã Ferraz, em cinemateca, Ed. Companhia das Letras)

Thereza

Sem apelo
no vórtice do
dia no
abandono do chão na
lâmina da
luz feroz
fora da vida
desfaz-se agora
a minha doída
desavinda companheira

(Ferreira Gullar, em Toda Poesia, José Olympio Editora)


CAMÕES REMIX

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

eu cantarei de amor, valor mais alto
as ledas madrugadas devastando
triste engenho que arde, fogo e arte,
novo reino da morte libertando

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

em perigos e guerras de meus versos
busque amor, ‘inda além da taprobana
que valor de meus olhos não sei como
docemente partiste, força humana


E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

são armas, são barões, edificaram
pelo todo essa parte que me paga
e a tanto não sei como sublimaram


Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


alma minha gentil, é mesmo amor
que, tão contrária a si, a coisa amada
se alevanta, transforma o amador


(Camões e Cesar Cardoso – quanta pretensão do Camões!)


111.

Amor – esse mesmo dedo amputado que se ergue e te aponta.

(Dalton Trevisan, no livro 11 Ais, L&PM Pocket.)

20

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.





(Pablo Neruda em XX Poemas de Amor y Una Canción Desesperada, CD, ou em Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, Ed. José Olympio)


da esfinge resta pedra sobre pedra
as respostas se divertem perguntando
como tremem nas mãos essas pepitas

nos entres do maduro o novo medra
a polpa desse tempo é sempre quando
e a saga da paixão está escrita

(Cesar कारdoso)


sexta-feira, 4 de junho de 2010

CAIU NA REDE É PIXEL




esse /meu/olhar/quando/encontra/a/bossa/nova

CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –

NOVOS HAICONTOS DE ALICE BARREIRA

Alice, minha irmã querida, o pessoal escreveu pedindo novas nãopatias. Pode ser?
Beijos do mano,
Cesar

OS BRAVOS SOLDADOS DO FOGO
Acordei com a sirene. O barulho veio vindo, aumentando e eu esperei que fosse diminuindo. Mas não. Parou à minha porta. Levantei rápido da cama e corri a abrir a porta da frente, já dando de cara com os bombeiros carregando as mangueiras, gritando ordens, cercando o quintal e procurando, procurando. Eu também não encontrava nenhum sinal de fogo. Mas não tive tempo, eles já acionavam os hidrantes e encharcavam a casa toda. Insisti que não havia nenhum incêndio em qualquer lugar da casa. Mas eles me fizeram ver que, por mais que a gente não perceba e mesmo não encontre, sempre há um incêndio.

CELULA MATER
Tem que ser uma facada só. E firme. Você apalpa o pescoço e sente direitinho o vão. É ali, não tem erro. Despeja o sangue numa vasilha. Ah, emplastro de vic vaporub. É tiro e queda. No dia seguinte a tosse já sumiu. Joanete, minha filha, me matando. Foi uma cerimônia muito bonita. As palavras do pastor me emocionaram, sabe? O ponto cheio vem depois. Primeiro você faz o ponto de alinhavo. E os salgadinhos? Levinhos! Tinha até de camarão. Ruim com ele, pior com ele.

UM SINAL
Ei, não tá me conhecendo? Sou o filho do hulk, lembra de mim? Eu compro, eu vôo, esmola e chafariz, tá ligado? Ei, mister, come on, I have a ritalina, I have a rivotril. Tudo aqui na veia, na bolsa de quem passa atrás do vidro. A segurança do cinto, né? Não tem essa não, aqui é o maior cinema na sarjeta, hollywood, jet set, bagdá, tá ligado? Eu tô. Ligado no sonho de craque que o crack do sonho me dá. Ei, mister, olha só, bolinha no focinho, uma foca negra no sinal. Eu compro, eu vôo. Cartão e celular. Ei, não tá me conhecendo? Sou a mãe do Volverine. Morrer não é tão ruim assim.

A COZINHA DA COPA - 2

A sessão espírita do médium-volante
Pai Zidane de Ogum

Ê-ê, misinfim, presta atenção pra contagem de 8 segundos que abre os caminhos do vestiário। Contou direitinho? Entonce suncê vai entrar nos ares enfumaçados da Cozinha da Copa। Aqui suncê tem a informação equilibrada, mostrando porque nós somos dez mil vezes melhores do que aquela cambada de safados, a começar pelos argentinos।

Hu-hum! O sexo vai gerar muita briga na Copa, misinfim. O goleiro holandês, por exemplo, vai jurar de pé junto que a sua namorada ficar atrás do gol fazendo strip tease e sussurrando um monte de safadeza não vai atrapalhar em nada e que sua seleção vai perder de 15 a zero pra Dinamarca por outros motivos.

E já chegou aqui em Johanesburgo o brasileiro José de Assis. Ele venceu o concurso Papel Higiênico Reciclado Santa Maria Madalena Leva Você a Copa ao descobrir quem marcou o gol húngaro no jogo Argélia zero Nova Zelândia zero da final de Copa de 52. Como prêmio, veio assistir a todos os jogos da seleção do Kuwait. Ô homem sortudo, he-hê!

O ÁLBUM DE FIGURINHAS DA COPA PROCURADAS PELO FBI E A CIA
Xin Frim - suas exibições fazem com que ele seja considerado a principal arma secreta da seleção do Japão. Esta é a única explicação possível pra escalarem esse bosta. Capitão do time, sua liderança é reconhecida pelos companheiros que o chamam carinhosamente de Dedão e Pelego. Um admirador de nosso futebol, Xin Frin declarou à nossa reportagem que “shoyo no sashimi de yoko ono ofurô o toko kru pegano fogo”. Ou seja: “a gente vamos dar tudo pra alegrar essa torcida e o nosso time tá bem preparado e se Deus quiser vamos vencer e um abraço pra mamãe que tá me escutando.”

AS JOGADAS SECRETAS QUE DÃO O MAIOR IBOPE
- Durante debate presidencial no intervalo do jogo Brasil e Barriga do Marfim, em Johanesburgo, Serra apaga a luz e rouba a peruca de Dilma, Marina grita que passaram a mão na bunda dela e Dilma pergunta pra Lula: “fui eu?” Cacá aproveita pra amarrar as chuteiras

- Brasil e Suíça se enfrentam pelas oitavas. Por ser um país neutro e não quererem interferir em nenhum conflito, há três dias os suíços se recusam a entrar em campo. Robinho aproveita pra perguntar a Dunga que horas são.

– Honduras x Brasil, final da Copa. Achando que a melhor defesa é o ataque, o Exército de Israel invade o estádio, mata os torcedores, tortura os jogadores e extermina o juiz e os bandeirinhas. Luiz Fabiano aproveita pra perguntar a Dunga se pode ir ao ataque. E Dunga aproveita pra dizer pra Luiz Fabiano ficar quieto!
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TRAGO O CENTRO AVANTE AMADO DE VOLTA EM TRÊS DIAS
Vós tendes um técnico teimoso que nem mula?
Vosso centro avante é empacado que nem jegue?
Quereis trazer para o seu time
aquele atacante que ficou lá no Brasil?

Cante com Pai Zidane de Ogum:
O neymar quando quebra na praia é bonito, é bonito!

Ê-ê, misinfim!
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Eu abaixo assignado declaro que sou Senhor e possuidor de huma escrava de nome Maria da Conceição, crioulla, a qual possuo livre e desembaraçada de toda e qualquer questão judicial, e com a obrigação de acompanhar-me enquanto eu for vivo, e do dia do meu falecimento em diante fica sendo livre como se nascida de ventre livre fosse. Esta é minha vontade, e por isso passo a presente carta em a qual unicamente me assigno na presença das testemunhas. Rio de Janeiro em vinte e seis de junho de mil oitocentos e cincoenta e oito - Marianno Intentes".

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –


O PAI DOS BURROS
GUIA IMPRATICÁVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
CAPÍTULO 8

Ó rapariga, és do tipo que vive a pronunciar impropérios? Que torce pelo Framengo e anda de bicicreta? Santa Virgem do Pilar! Como almejas subir na vida com semelhante palavreado mulambento? Não vês que toda a gente ri à socapa de tuas asnices? Pois muito bem. Teus dias de martírio findaram-se. Sim! Doravante, meça tuas palavras. E, para tal, usa a Régua Dupla Lexical Tupy. Criada na universidade australiana de Rexona do Sul, a Régua Dupla Lexical Tupy corrige (e não correge, viu, ó estulta?) disglossias, dispepsias e displicências verbais. Aproveita, ó capadócia! Esta gentil oferta é de pai para filha!

P
PADRÃO - Sacerdote com mais de dois metros.
PAPA - Substância esbranquiçada, pastosa e sagrada.
PARALÍTICO - Período da Terra em que nada se movia.
PARLAMENTÁVEL - Dupla de deputados.
PECHINCHEIROS - Aquele que pede desconto para o traficante.
PELOTÃO - Grupo de soldados oriundo de Pelotas.
PENTECOSTAL - Tipo de pende muito longo que serve para coçar as próprias costas.
PERÔNIO - Osso da perna do Perón.
PILEQUINHO - Pequeno leque para abanar alcoólatras.
PINICAR - Ferir a golpes de pinico.
PREPOTÊNCIA - País em vias de desenvolvimento.
PSIU - Interjeição utilizada para chamar-se o psicólogo.

Q
QUARENTENA - Reunião de quarentonas.
QUARTZO - Partze ou aposentzo de um apartamentzo.
QUEDA-DE-BRAÇO - Espécie de lepra que ataca os membros superiores.
QUIABO - Expressão usada pelos fanhos a fim de tecer comentários elogiosos a respeito do rabo de quem passa.
QUISTO - Forma abreviada de “o que é isto?”, muito popular em Portugal.

R
RADIANTE - Estado de felicidade semelhante ao nirvana, só alcançável pelos locutores de rádio.
RABINO - Hino ao rabo.
RATEIO - Quantidade de queijo que cabe a cada rato.
RECONCILIAR - Presentear a amada com um par de cílios postiços.
RECO-RECO - Dupla de componentes da bateria da Mangueira alistados no exército.
REFINADO - Defunto de bom gosto.
REGENERAR-SE - Diz-se do general que volta aos quartéis.
REPRIMIR - Dar porrada no primo.
RISOTO - A refeição do palhaço.
ROÇADO - Terreno onde o lavrador sarra a sua vizinha.
RODADO - Dado redondo.
RONDÔNIA - Estado brasileiro habitado por policiais em plantão permanente.
RUÇO - Neblina proveniente de Moscou.

E não percam na próxima edição deste entumescido dicionário, um strip tease completo das excitantes letras S, T e U, realizando fantasias! Uau!
Roga-se aos Srs. Antonio Borges Rodrigues e C. o favor de declararem se o preto apparecido em sua casa nos Cabeceiros do Brandão, freguezia do Arrozal, termo do Pirahy é o seguinte: nação benguela, estatura regular, magro, idade 18 a 20 annos pouco mais ou menos, tendo uma orelha furada, um dente da frente da parte superior quebrado, nariz fino e um sinal de cicatriz em uma das canellas.

CHIPS - o prazer da batata & o poder do circuito – 2

O escritor Wilson Bueno é autor de Mar Paraguayo, Manuel de Zoofilia, Amar-te a Ti Nem Sei Com que Carícias, O Copista de Kafka, Cachorros do Céu - onde estão as duas fábulas publicadas a seguir – e alguns outros livros. A surpresa e a criação estão sempre presentes em seus textos. Infelizmente Wilson morreu esta semana em Curitiba. Fica aqui uma homenagem a ele e a todos nós que temos o prazer de encontrar mais uma vez sua literatura.

O GANSO OU A VIDA
O Ganso recebeu pela quarta ou quinta vez a visita do Pato. Lá vinha ele, de novo, com aquele papo de Pato pachola.
- Seo Ganso, por que o senhor não entra de vez para a Ordem dos Patos, já que ganso não passa de um pato disfarçado?... E nós estamos precisando de sócios. Dezenas de marrecos já aderiram...
- Não, seu Pato. Ganso sou e ganso morrerei. Honro o ganso meu pai e a gansa minha mãe, que não eram, nenhum deles, patos nem marrecos, mas gansos, seo Pato.
- Besteira. Pato, ganso, marreco, são tudo a mesma coisa. Que diferença temos um do outro? Que diferença? Me diga.
- Uma baita diferença, seo Pato. Aqui na aldeia, ao menos, ninguém come ganso. Agora pato e marreco, todo mundo sabe, são um baita prato.
Grasnando muito o Ganso voltou ao seu bando enquanto o Pato, dessa vez, corria, com cinco marrecos atrás dele, da senhora sua dona, armada de enorme faca de degolar pato. Ou marreco, se acharem melhor e mais tenro...

COISAS DA VIDA
Num trecho do caminho, as duas cobras se encontraram.
- Oi, Cobra, tudo bem? – cumprimentou a primeira cobra, que parecia a mais simpática.
- Tudo bem, Cobra – respondeu meio secamente a cobra que não parecia nem um pouco simpática.
- Mas por que este ar casmurro, Cobra? – perguntou a primeira cobra.
- Não me sinto casmurra, Cobra. Vivo apenas o sentimento, sincero, de que sou uma cobra.
- E cobra tem sentimento? – retrucou a cobra que, de tão afável, nem parecia uma cobra.
Só que, num bote certeiro, esta, a Sweet Snake, nhóct!!!, cravou as presas, as duas, na jugular da outra cobra, que no afã enfezado de se mostrar cobra, esquecera de que conversava com uma cobra de verdade.

AVISO AOS NAUFRAGANTES

AS ESCRITORAS SUICIDAS MAIS VIVAS DO QUE NUNCA!

Minha irmã Alice Barreira manda avisar que já está em todas as bancas virtuais da Internet a nova edição das ESCRITORAS SUICIDAS. Os temas desta vez são: um verso de Ana Cristina Cesar, mesa de bar e jardineiro, flores, jardim. Além do timaço feminino de sempre, esta edição traz as convidadas Lilian Maial e Maria José Silveira. Para acessar: www.escritorassuicidas.com.br . E pra dar água na boca, o poema de Virna Teixeira para esta edição:

baobás, lua sobre o kibbutz
iluminando o vale

ramos de oliveiras
arbol del olvido

o vento semeia um canto
contido

como um lamento

VAMOS ESTUDAR, CAMBADA! - CURSOS NA LETRAS DA UFRJ

Dois eventos destinados a profissionais e alunos de graduação e pós-graduação de Letras, Música, História, Belas Artes, Pedagogia, Comunicação Social, Psicologia e áreas afins; professores de ensino fundamental e médio; pessoas interessadas em literatura infantil e juvenil e Análise do Discurso.

De 13 a 15 de julho acontece o VI ENCONTRO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL, com mesas-redondas, minicursos, maratona de histórias e atividades culturais com pesquisadores, escritores e ilustradores. O objetivo do Encontro é “a formação discente e a capacitação docente, por meio de debates teóricos e propostas pedagógicas, visando à conscientização do (futuro) profissional de Letras, Artes, Educação, Música, História e áreas afins para a importância de leitura e do estímulo ao prazer de ler, com base em obras literárias de qualidade.” Informações: www.literaturainfantilejuvenil.com.br

E de 8 a 10 de setembro é a vez do II FÓRUM DE ANÁLISE DO DISCURSO, abordando temas como A Leitura em Sala de Aula, As Armadilhas da Mídia, Cinema e Documentário - Linguagens em Sala de Aula etc. Submissão de trabalhos até 15 de junho. E informações: www.ciadrio.com.br

POESIA NO CIBERESPAÇO

Saiu a edição XX de ZUNAI, a excelente revista de poesia e debate editada por Claudio Daniel. Tem o haicai no Brasil, o poeta angolano João Maimona, uma exposição virtual de Francisco Faria, onze novos narradores apresentados por Marcelino Freire, poemas de Wilson Bueno, Horácio Costa, Virna Teixeira, Micheliny Verunschk, Yao Feng, Fernanda Dias. E muito mais. Olha o endereço aí: www.revistazunai.com

OUTDOR - po+es+ia +v+is+ual


Este poema de Paco Cac está em seu mais recente livro, Na Página. O visual foi criado por Cesar Cardoso. Quem quiser conhecer o livro pode entrar em contato com o Paco pelo e mail paulocac5@gmail.com
Gratificação de 100$000 - A quem aprehender e levar à rua de Páo Ferro n° 6 o escravo Joaquim, crioulo, 20 anos de idade, côr um pouco fula, olhos pequenos, estatura regular, cambaio, pisando um pouco para fora. Este escravo foi comprado há oito meses aos herdeiros de Francisco Teixeira Pinto, do Curral Falso, em cuja fazenda servio de carreiro, é conhecido em todo o caminho de Santa Cruz, e foi visto há poucos nos arrebaldes do curral Falso, onde tem mãe e irmãos.
THAT’S ALL, FOLKS!
THATS ALL, FOLKS!