NOVOS HAICONTOS DE ALICE BARREIRA
Alice, minha irmã querida, o pessoal escreveu pedindo novas nãopatias. Pode ser?
Beijos do mano,
Cesar
OS BRAVOS SOLDADOS DO FOGO
Acordei com a sirene. O barulho veio vindo, aumentando e eu esperei que fosse diminuindo. Mas não. Parou à minha porta. Levantei rápido da cama e corri a abrir a porta da frente, já dando de cara com os bombeiros carregando as mangueiras, gritando ordens, cercando o quintal e procurando, procurando. Eu também não encontrava nenhum sinal de fogo. Mas não tive tempo, eles já acionavam os hidrantes e encharcavam a casa toda. Insisti que não havia nenhum incêndio em qualquer lugar da casa. Mas eles me fizeram ver que, por mais que a gente não perceba e mesmo não encontre, sempre há um incêndio.
CELULA MATER
Tem que ser uma facada só. E firme. Você apalpa o pescoço e sente direitinho o vão. É ali, não tem erro. Despeja o sangue numa vasilha. Ah, emplastro de vic vaporub. É tiro e queda. No dia seguinte a tosse já sumiu. Joanete, minha filha, me matando. Foi uma cerimônia muito bonita. As palavras do pastor me emocionaram, sabe? O ponto cheio vem depois. Primeiro você faz o ponto de alinhavo. E os salgadinhos? Levinhos! Tinha até de camarão. Ruim com ele, pior com ele.
UM SINAL
Ei, não tá me conhecendo? Sou o filho do hulk, lembra de mim? Eu compro, eu vôo, esmola e chafariz, tá ligado? Ei, mister, come on, I have a ritalina, I have a rivotril. Tudo aqui na veia, na bolsa de quem passa atrás do vidro. A segurança do cinto, né? Não tem essa não, aqui é o maior cinema na sarjeta, hollywood, jet set, bagdá, tá ligado? Eu tô. Ligado no sonho de craque que o crack do sonho me dá. Ei, mister, olha só, bolinha no focinho, uma foca negra no sinal. Eu compro, eu vôo. Cartão e celular. Ei, não tá me conhecendo? Sou a mãe do Volverine. Morrer não é tão ruim assim.
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