sexta-feira, 28 de maio de 2010

CAIU NA REDE É PIXEL




esse
meu
olhar
quando
encontra
a
bossa
nova

A COZINHA DA COPA

A sessão espírita de
Pai Zidane de Ogum

Nosso médium-volante adivinha tudo que vai acontecer na África do Sul.
Ganhem ou empatem, isto é, não percam! Ê-ê, misinfim!


Na cerimônia de abertura da Copa, o destaque será a Nova Zelândia. Sua equipe, formada por cinco jogadores de basquete, três cirurgiões-dentistas, dois mágicos e um ex-anão, apresentará um teatro didático explicando ao público que eles não são a Austrália.

A Coreia do Norte vai aproveitar que a Coreia do Sul foi pra Copa pra invadir os vizinhos. Mas como a Coreia do Norte também vai pra Copa, a Coreia do Sul vai ter a mesma ideia de jerico. O resultado é que, a partir de agosto, a Coreia do Norte passa a ser a do Sul e a do Sul vira a do Norte. Só que os dois países vão levar anos pra conseguir explicar isso na ONU. E enquanto isso acontece, os Estados Unidos vão invadir os dois.

O técnico Dunga ensaia uma nova jogada secreta. Ela é tão secreta que ele não conta nem pros jogadores. Mas Pai Zidane já viu tudo nos búzios e revela em primeira mão: dois agentes da CIA invadem o campo e algemam o goleiro adversário, acusando-o de envolvimento com o enriquecimento de urânio para o Irã. Enquanto isso, nossos atacantes dão risinhos e apontam para o goleiro. Em seguida uma mulher invade o campo com dois bebês, gritando que o goleiro é o pai das crianças e exigindo pensão. As crianças choram e se agarram às pernas do pai. A mulher puxa o cabelo de um agente da CIA. O outro dá tiros pro alto. Aproveitando a confusão, Kleberson entra no lugar de Cacá e chuta em gol.

Numa Copa extremamente politizada, uma pancadaria nas arquibancadas do estádio Ellis Park, em Johannesburgo interrompe a partida entre Grécia e Argentina. O tumulto começa quando gregos que protestam contra o arrocho salarial em seu país são agredidos por eslovacos contrários à separação da república Tcheca. Estes, por sua vez, são surrados por sérvios que os confundem com os eslovenos, que brigam com alemães de direita que dirigem uma van, querem dobrar à esquerda e acabam atropelando um grupo de ingleses de uma liga antialcoólica que, completamente bêbados, são presa fácil para os paraguaios falsificados de chineses que tentam embarcar num navio pros Estados Unidos. A polícia sul-africana age prontamente e prende 38 pacifistas neozelandeses.

E agora, num oferecimento de Chico Xavier Imóveis do Além, um pouco de história para abrilhantar o brilho de nossa reportagem.

A atuação mais rápida de todas as copas foi a do zagueiro escocês Ballantines que, na Copa de 62, permaneceu apenas 37 segundos em campo. Entrou por um lado e saiu imediatamente pelo outro ao notar que havia esquecido o uniforme no vestiário, Nunca foi explicado o que um zagueiro escocês fazia numa Copa em que a Escócia não se classificara, e aqui temos outro recorde, o de maior mistério.

O torcedor mais chato da história dos Mundiais é um brasileiro. O funcionário público Anuênio de Carvalho começou a comemorar a vitória brasileira contra o Chile, em 1962, gritando “que passa, hombre?” pelas ruas de Santiago e só parou ao levar 3 tiros de um carabineiro, na queda do governo Allende, em 72.

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VÓS TENDES ALGUM EMBARAÇO EM VOSSA SELEÇÃO?
Quereis fazer voltar à vossa companhia aquele juiz do primeiro jogo?
Vossa defesa é envolvida com facilidade e vosso goleiro sucumbe aos caprichos do destino?
Consulte Pai Zidane de Ogum.
O poder dos astros em vossas mãos। Ou, se preferis, nos pés. Mandinga pro goleiro adversário escorregar na hora do escanteio. E pênaltis a preços módicos.

Cartas para esta seção espírita.
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SAMBLUES 1


N.P.B. – NOEL POPULAR BRASILEIRO

Quem é você que não sabe o que diz, que palpite infeliz, quem é você, diga logo que eu quero saber, hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim: quem? Pra que? Pra que mentir? Fingir que perdoou? Tentar ficar amigos sem rancor? Pra que mentir, se não há necessidade de me trair, pra que mentir se tu ainda não tens a malícia de toda mulher? Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim, cale a boca e não cale na boca, diga, diga sempre que eu não presto, que o meu lar é o botequim, que eu arruinei a sua vida, não mereço a comida para quem precisa, comida para quem precisa da comida que você pagou pra mim. Nosso amor, nosso amor que eu não esqueço... esquece o nosso amor, vê se esquece porque eu não esqueço, morre hoje sem foguete, sem retrato, sem bilhete, sem retrato em branco e preto a maltratar meu coração, ah, meu coração, o samba nasce do coração, quem acha vive se perdendo, batuque é um privilégio, batuque na cozinha sinhá não quer, ninguém aprende samba no colégio, desde que o samba é samba é assim, a lágrima clara sobre a pele escura, a noite, a chuva que cai, o orvalho que vem caindo, vai molhar o meu chapéu... A minha terra dá banana, yes, nós temos banana, banana pra dar e vender. E quem dá mais? Quem dá mais?Por um samba feito nas regras da arte, sem introdução nem segunda parte. Só tem estribilho, nasceu no Salgueiro, salve Estácio, Salgueiro e Mangueira, que sempre souberam muito bem que eu nasci no Estácio e se alguém quer matar-me de amor que me mate no Estácio porque eu não posso mudar minha massa de sangue, palmeira do Mangue não vive na areia de Copacabana, princesinha do mar, pelas manhãs tu és a vida a cantar, e à tardinha o sol poente, o sol da Vila, o sol da Vila é triste, samba não assiste porque? Porque o samba na realidade não vem do morro, o morro? O morro não tem vez. E o que ele fez? O que eu faço? Faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã, escuto a correria da cidade, escuto o apito da fábrica de tecidos e me lembro de você, você que atende ao apito de uma chaminé de barro, que no inverno sem meias vai pro trabalho, e vem ferir os meus ouvidos, vem, vem, vem sentir o calor dos lábios meus à procura dos teus, vem matar essa paixão, que me devora o coração, ah, coração! Coração que não se cansa de sempre sempre te amar, e vivo tonto com o teu olhar, e as pastorinhas, pra consolo da lua, da lua de São Jorge, lua brasileira, lua do meu coração, lua que o samba faz nascer mais cedo, lá em Vila Isabel, um feitiço sem farofa, sem vela, só com uma fita amarela, gravada com o nome dela, não quero flores, nem coroa com espinho. Hoje pra você eu sou espinho, tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor, eu vou pra luta pois eu quero me aprumar. E eu pergunto com que roupa, e eu pergunto pra que mentir, e eu pergunto quem dá mais, e eu pergunto quem é você? Quem é você que não sabe o que diz...
Fugirão, dous pretos, sendo um de nome Eliziário, nação congo, que foi escravo do finado Elias Antônio Lopes; levou vestido calça azul e camisa de morim fino, e com os signaes de ter sido castigado na casa de correção.

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –

O PAI DOS BURROS
GUIA IMPRATICÁVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
CAPÍTULO 7

Você sabia... Que o ser humano que vive até os 75 anos pronuncia, em média, 558 trilhões de palavras?
Que o grupo humano que atinge o mais alto índice de vocábulos são os políticos baianos?
Que a professora aposentada Bósnia Herzegovina – a Tia Herzê – já alcançou a descabida marca de 839 trilhões de palavras, embora ninguém até agora, tenha entendido nada do que ela falou?
Você sabia, ó parvo!?!

M
MACABRA - Cabra de estimação do Boris Karloff.
MAJORAÇÃO - Ato de promover o major.
MAMELUCO - Bebê que, de tanto mamar, ficou maluco.
MANCOMUNAR - Convencer o manco a entrar pro PC do B.
MARRECO - Designação comum às aves que servem o exército.
MATRIZ - Atriz de desempenho sofrível.
MEDITADOR - Governante pensativo e autoritário.
MEGATON - Gato usado como cobaia em experiências nucleares.
METEÓRICO - Teórico brilhante, porém efêmero.
METÓDICO - Indivíduo que toma Toddy todos os dias à mesma hora.
MICROECONOMIA - Ramo da ciência econômica que estuda o salário mínimo.
MONARQUIA - Estado governado pela Monark.
MORIBUNDA - Região glútea agonizante.
MUDA - Pequena planta que não fala.

N
NAPOLEÃO - Político francês, mentalmente desequilibrado, que julgava ser ele mesmo.
NARCISO - Personagem da mitologia grega apaixonado por seu próprio dente de siso. Como vingança, os deuses o transformaram numa cárie.
NARCOTIZAR - Fazer vaquinha para comprar fumo.
NASAL - Relativo ou pertencente à Nasa.
NEBULOSA - Bula de remédio mal impressa.
NEUROVEGETATIVO - Produto hortifrutigranjeiro neurótico.
NEGATIVA – Afrodescendente que manda ver.
NINHARIA - Casa de passarinho financiada pela Caixa Econômica Federal.
NON TROPPO - Expressão idiomática italiana, cunhada durante a Segunda Guerra Mundial e utilizada pelas ragazzas para indicar que não topavam um programa com a tropa. A tradução mais fiel e atualizada é: “Hoje não, bem , tô com dor de cabeça”.
NUANCE - Ato de ficar nu sutilmente.

O
OBSECADO – Indivíduo sequinho e teimoso.
OBJEÇÃO - Injeção que, ao ser aplicada, mata o paciente.
OBSCENO - Função matemática pornográfica.
OBSERVANTE - Crítico literário estudioso da obra de Cervantes.
ODETE - Pequena ode.
OFUSCAR - Ato de esconder o fusca.
OMISSÃO - Locução interjeitiva que exprime desagrado nos cultos católicos de longa duração.
OSTRACISMO - Ato de banir as ostras do cardápio.
OURIÇO - Mamífero espinhento, chegado a embalos.

E não percam na próxima edição: o Pai dos Burros manda você a P Q R (pra quem não conhece, fica logo depois da P Q P)

SAMBLUES 2

A PARCERIA MA-NOEL

Na esquina de Vila Isabel com o Cerrado tem uma padaria que só abre à noite e serve sonhos pra quem dormir no balcão. Foi o que fizeram por lá Noel Rosa e Manoel de Barros. Dormiram, comeram sonhos e sonharam a seguinte conversa:

- Batuque é um privilégio / ninguém aprende samba no colégio
- Contenho vocação pra não saber línguas cultas.
Sou capaz de entender as abelhas do que alemão।

- Eu queria usar palavras de ave para escrever.
- Quem acha vive se perdendo

- O mundo é o samba em que eu danço / sem nunca sair do meu trilho / vou cantando o teu nome sem descanso / pois do meu samba tu és o estribilho
- O que não sei fazer desmancho em frases.
Eu fiz o nada aparecer.


- Eu sou o medo da lucidez.
Choveu na palavra onde eu estava.
- Quem dá mais? / por um violão que toca em falsete / que só não tem braço, fundo e cavalete / pertenceu a Dom Pedro, morou no palácio / foi posto no prego por José Bonifácio

- São Paulo dá café / Minas dá leite / e a Vila Isabel dá samba
- Depois de ter entrado para rã, para árvore, para pedra,
- meu avô começou a dar germínios।

- O poema é antes de tudo um inutensílio.
- Tudo aquilo que o malandro pronuncia / com voz macia / é brasileiro / já passou de português

- O sol da Vila é triste / samba não assiste / porque a gente implora / sol pelo amor de Deus/ não vem agora / que as morenas vão logo embora
- Com cem anos de escória uma lata aprende a rezar.
Com cem anos de escombros um sapo vira árvore e cresce
por cima das pedras até dar leite.

- As palavras eram livres de gramáticas e
podiam ficar em qualquer posição.
- Você no inverno / sem meias vai pro trabalho / não faz fé com agasalho / nem no frio você crê / mas você é mesmo /artigo que não se imita / quando a fábrica apita / faz reclame de você

- Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema / ser estrela é bem fácil / sair do Estácio é que é / o X do problema
- O ocaso me ampliou para formiga.
Aqui no ermo estrela bota ovo.
Melhoro com meu olho o formato de um peixe.

- Tudo que explique
a lagartixa da esteira
e a laminação de sabiás
é muito importante para a poesia.

- Fazer poemas lá na Vila é um brinquedo / ao som do samba dança até o arvoredo

- Nasci no Estácio / não posso mudar minha massa de sangue / você pode crer / palmeira do Mangue / não vive na areia de Copacabana
- Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.


- Repetir repetir – até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo.
- e o povo já pergunta com maldade: / onde está a honestidade? / onde está a honestidade?

- Não tenho herdeiros / não possuo um só vintém / eu vivi devendo a todos / mas não paguei a ninguém
- Na travessia o carro afundou e os bois morreram afogados.
Eu não morri porque o rio era inventado.
Fugio, no dia 21, da Ladeira do Senado, esquina da Rua Paula Mattos, um moleque de nome Raymundo; levou vestido carapuça de lã, calça e camisa de algodão, camisa de baeta azul; no falar gagueja, e muito principalmente tendo medo; levou um caixote com banha e pomada para vender. Protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o tiver acoutado.

PATAVINinha’s - o playground do patavina’s

O GAMBÁ VIAJANTE

Compadre gambá
resolveu passear
num caronavião
partiu pra Paris.
Na hora do vôo
a aeromoça falou:
- Apertem os cintos
e tapem o nariz.

Chegando lá
compadre gambá
comprou um chapéu
e todo elegante
tirou uma foto
na porta do hotel.

Também comprou
incenso chinês
e trezentos litros
de perfume francês.
Percorreu os museus
passeou pelas noites
com a lua no céu.
E escalou a letra A
da torre Eiffel.
Sentou num barzinho
na borda do rio Sena
pra tomar um vinho.
Estava todo maneiro
mas, que pena!
acabou seu dinheiro.

Compadre gambá
parou, pensou
e não se apertou.
Num caronavio
voltou pra sua casa
na beira do rio.

Foi boa a viagem.
Trouxe de presente
pra gambaxirra
dois quilos de vagem
e uma mochila.
Pro gambarrato
ele deu um queijo
e pra você
que está lendo
mandou este beijo.
Fugiu, da cidade nova, da Rua do Bom Jardim n. 65 A, no dia 28 de julho, um preto de nome Domingos, da nação angola, coxo de uma perna, com o rosto malhado de branco, com bastantes marcas de castigo em um dos braços.

MEUS CAROS AMIGOS

Segue minha crônica que está na revista Caros Amigos do mês de maio, já nas melhores bancas do ramo. A edição desse mês traz reportagem sobre os danos contra trabalhadores e meio ambiente causados pela Vale do Rio Doce, a arquiteta Ermínia Maricato falando sobre a desgraceira que são nossas grandes cidades, o fracasso da política anti-drogas e muito mais, incluindo a seleção brasileira de colunistas-craques que o Dunga não convocaria. É ler para crer!

SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE...

... em qual seleção você votava? Argentina? Espanha? Costa do Marfim? Você tirava o Lula, botava o Adriano e recuava o Robinho?

Imagine o seguinte: por uma dessas coincidências a final da Copa do Mundo vai cair na mesma hora da eleição. Pra piorar, o Tribunal Eleitoral e a Globo não chegaram num acordo, então você tem que escolher: ou vota ou vê a final. E o Brasil tá na final, é claro! Você prefere um presidente eleito ou uma seleção campeã? Qual dos dois vai mudar o país? Uma seleção campeã serve pra gente comemorar no maior porre e pra centenas de contratos milionários (nenhum conosco, também é claro!) E um presidente, serve pra que?

Eu, você, todo mundo joga uns dois reais por semana na mega-sena. Mas quanto a gente investiria num presidente? Se a gente fizer uma vaquinha, dá pra comprar um? Ou pra isso tem que ser vaquinha de latifundiário com banqueiro e empresário? E um presidente se vende? É no cheque, no cartão ou em dinheiro? Tem que ser à vista ou rola um crediário?

Se a eleição fosse hoje, você votava na Dilma, no Serra ou no Dunga? E se a eleição fosse pra técnico da seleção e o Ricardo Teixeira sozinho escolhesse o presidente? O Brasil melhorava no campo? E na cidade? Afinal, uma eleição serve pra quê? E um presidente, serve a quem?

Mas... e se a eleição não fosse hoje? Isso! Nem a eleição nem a final da Copa. Se hoje fosse por exemplo o Dia Universal do Líquido Amniótico ou da Proclamação da Escravidão? Ou fosse, digamos, o Dia Mundial da Giárdia ou do Assassinato por Motivo Torpe? Ou pior ainda: se hoje fosse hoje? Só hoje, hoje e mais nada? O que você faria?

Nunca é o dia certo, não é mesmo?

PLEASE MISTER POSTMAN





Meu e mail: cesarcar@uninet.com.br

©Cesar Cardoso, 2010. Todos os direitos e esquerdos reservados. Que os piolhos infectados de 18 mil camelos infestem as partes pudendas de quem publicar algum texto daqui sem avisar nem dar meu crédito.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

CAIU NA REDE É PIXEL









Com as flechas que me atirares, construirei minha devoção.
Mas quem a primeira flecha? O primeiro martírio?
Valei-te, São Sebastião!

CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –


Meu caro maninho Cesar,
Aí vão as minhas primeiras nãopatias. Outras virão. Só não trago a pessoa amada em três dias. Posso, no máximo, levá-la, sem devolução.
Beijos desaforados e adentrados,
Alice (no país dos muravilhos)
(PS: você viu a exposição de arte em Sampa? Quando o problema da arte passa a ser a Receita Federal, algo já esqueceu de apodrecer, não achas?)

as nãopatias

Para que seu tio volte a molestá-la
Numa tarde nublada pegue uma faca só lâmina e retire os testículos de um carneiro. Use o sangue para untar uma Barbie, cubra tudo com punhados de arroz cru e enterre à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais.

Para que a pessoa amada perca os movimentos do lado direito do rosto
Junte punhados de tinhorão e espirradeira, coloque num liquidificador com um litro de seiva de coroa de cristo e bata até obter uma pasta. Durante um mês coloque um copo desse líquido na máquina de lavar junto com as roupas da pessoa amada e repita enquanto a lavagem acontece: com dois te movo, com dez te paro.

Para que não cresçam dentes nos umbigos
A cada noite de lua nova corte um punhado de cabelo de uma pessoa cega e prepare com eles uma sopa. Acrescente vidro moído obtido de janelas. Deixe ferver até secar e ponha as sobras ainda quentes dentro da fronha de seu travesseiro. Durma. Repita esse procedimento por dois meses.

Para ter sangramentos e hemorragias
Fume alguns maços e apague os cigarros um a um em seu supercílio direito, até que aconteça o rompimento de vasos sanguíneos. Repita a cada vez: “o poder do sangue, o sangue do poder, com ele sou vaso que vaza, vermelho de ser”. Para as mulheres, os cigarros podem ser substituídos pela gravidez seguida de aborto induzido por objeto perfuro-cortante.

Para que seu bicho de estimação não consiga mais se alimentar
No dia de São Francisco, retire o menor dente que seu bicho de estimação tiver, com um alicate de unha. Faça um breve com um pano da cor do pelo ou das penas ou da pele do animal e deixe de molho em uma papa de urtigas por três dias. Depois que secar, queime e jogue as cinzas na água do animal. Mas antes, retire o dente e implante-o em sua boca.

Para que nada aconteça
Na madrugada da oitava Sexta Feira de cada mês, acenda uma pequena vela cor de rosa e tente comê-la sem apagar sua chama. Para certificar-se de que a chama não se apagou, olhe no espelho até conseguir ver o brilho dela dentro de você. Desse dia em diante, nada acontecerá.

“NÚNCARAS” – po+es+ia


ROBERTO PIVA

O poeta Roberto Piva está com 73 anos e teve sua obra principal – o livro Paranóia – relançado pelo Instituto Moreira Salles em 2009. São 19 poemas que conversam com fotografias do artista plástico Wesley Duke Lee. Que dupla, hein?

Piva já publicou Paranóia (Massao Ohno, 1963, reeditado em 2000 e em 2009 pelo Instituto Moreira Salles), Piazzas (1964, reeditado em 1979), Abra os olhos e diga AH! (1976), Coxas (1979), 20 poemas com brócoli (1981), Quizumba (1983), Ciclones (1997) e Estranhos sinais de Saturno (2008), além de uma antologia poética em 2005 e manifestos. Esses livros estão em Obra Reunida (editora Globo), organizada por Alcir Pécora, em três volumes: Um estrangeiro na legião (2005), posfácio de Claudio Willer, Mala na mão & asas pretas (2006), posfácio de Eliane Robert Moraes, e Estranhos Sinais de Saturno (2008), posfácio de Davi Arrigucci Jr. Em 2010, foi lançada uma coletânea de suas entrevistas, Encontros: Roberto Piva, pela editora Azougue. Piva relê São Paulo e o mundo (real e literário) com olhos peculiares, oníricos, beats e experimentais Vale a pena conhecer – ou melhor: mergulhar em sua poesia.

Nesse momento o poeta passa por grandes problemas de saúde, sofrendo de Mal de Parkinson e tem recebido a ajuda de vários outros poetas, como Ademir Assunção, que divulgou as dificuldades de Piva em seu blog, e Claudio Willer, que participou do programa Sempre um Papo, no SESC Vila Mariana, em Sampa, falando sobre Piva e sua obra, junto com depoimentos de Antonio Fernando de Franceschi, Celso de Alencar, Roberto Bicelli, Toninho Mendes, Ugo Giorgetti e Valesca Dios. E com vocês... Roberto Piva!

Paranóia

Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci
onde anjos surdos percorrem as madrugadas tingindo seus olhos com
lágrimas invulneráveis
onde crianças católicas oferecem limões para pequenos paquidermes
que saem escondidos das tocas
onde adolescentes maravilhosos fecham seus cérebros para os telhados
estéreis e incendeiam internatos
onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos furiosos puxam
a descarga sobre o mundo
onde um anjo de fogo ilumina os cemitérios em festa e a noite caminha
no seu hálito
onde o sono de verão me tomou por louco e decapitei o Outono de sua
última janela
onde o nosso desprezo fez nascer uma lua inesperada no horizonte
branco
onde um espaço de mãos vermelhas ilumina aquela fotografia de peixe
escurecendo a página
onde borboletas de zinco devoram as góticas hemorróidas das
beatas
onde os mortos se fixam na noite e uivam por um punhado de fracas
penas
onde a cabeça é uma bola digerindo os aquários desordenados da
imaginação

PATAVINA’S NEWS



BALA PERDIDA MATA IRACEMA

Uma discussão de trânsito acabou em tragédia ontem à tarde, na esquina da Rua Ipiranga com a Avenida São João. O motoqueiro João Rubinato avançou o sinal e atropelou o segurança Cibide Barbosa, que reagiu a tiros. Mas a única pessoa atingida pelos disparos foi a doméstica Iracema (sobrenome desconhecido), que saía do magazine Leader, onde fora comprar seu vestido de noiva. Iracema ainda tentou correr, mas acabou sendo atropelada por um carro, pois o sinal já abrira e ela atravessou na contramão. No entanto o Instituto Médico Legal confirmou à nossa reportagem que Iracema morreu devido ao ferimento à bala, que perfurou seu pulmão, e não por causa do impacto do veículo, que lhe causou apenas escoriações generalizadas. Nenhum familiar compareceu ao IML para requisitar o corpo, nem mesmo o noivo. Segundo informações da funcionária do Magazine Leader, que vendeu o vestido de noiva, a vítima teria lhe mostrado um retrato do noivo e confidenciado que este encontra-se detido por furto na Penitenciária de Guarulhos, “mas que sai mês que vem”.

(Da reportagem local)

UM CONTO, UM PONTO

VOCÊ JÁ LEU SEU TREVISAN HOJE?

100.

A velhinha:
- Se um de nós faltar... ai, João... o que vai ser de mim?

90.

A barata – hóstia da náusea metafísica que se oferece às três da manhã na tua missa negra da insônia.

53.
Tão deprimida. Bebo em jejum dois copos do vinho laranja. Fico bem tonta. E varro alegrinha a casa inteira.

(Do livro 111 Ais, de Dalton Trevisan. L&PM Pocket.)

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –

O PAI DOS BURROS
GUIA IMPRATICÁVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
CAPITULO 6

O mal é o que sai da boca do Homem. Palavras do Senhor. Sobretudo se o que sai começa com K. Ô letrinha miserável! Isso não se faz com um cidadão que paga seus impostos. Porventura vos esqueceis que linguista também é gente, a nível de ser, enquanto humano? Temos que banir para todo o sempre estes estrangeirismos de nossa língua. Onde estão as autoridades constituídas que não tomam uma providência? Lavro aqui meu protesto semiológico-patriótico. (E pensar que ainda tem o Y e o W... Senhor, tende piedade de mim!)
J

JABOATÃO - Segundo espalharam por aí, parece tratar-se do topônimo de uma hipotética cidade provavelmente localizada no estado que alguns afirmam chamar-se Pernambuco, num suposto país que teria o nome de Brasil. (Mas se falarem que fui eu que disse isso, eu nego.)

JANELA - Locução interjeitiva gritada pelo dono, com o intuito de atiçar o cão à ladra.

JAPERI - Palavras de Ceci, ao constatar que seu amado – Peri – sofria de ejaculação precoce.

JASMINEIRO - Ritmo musical caracterizado pelo improviso e originário de Minas Gerais।

JOGADO - Bovino meio largadão.

JOGATINA - Forma de lazer popular praticada pelas lavadeiras.

JORNADA - Espécie de jornal, falado ou escrito, que não informa coisa alguma.

JUDITE - Doença que ataca os judeus.

JUGULAR - A veia poética de Ferreira Gular.

JURÁSSICO - Período da Terra no qual os juros eram altíssimos.

JUJUBA - Bala feita de crina de leão.

JUVENIL - O filho mais novo do Juvenal.

K

KAFKA - Comida árabe feita de enormes insetos conhecidos como Gregor Sampsa.

KAMA-SUTRA - Leito de motel hindu.

KARMA - Expressão mineira para evitar o pânico.

KERENSKI - Político russo que queria e, com a revolução de 1917, ficou querendo.

KIBUTZ - Variação israelense de kibe.

KLEBER - O mesmo que Cleber, só que metido a besta.

KOCH - Bacilo tenista.

KRUSCHEV - Nome dado ao refrigerante Crush na Rússia.

L

LÁ - A mais longínqua das notas musicais.

LATICÍNIO - Homicídio cometido a golpes de lata.

LAMAÍSMO - Religião tibetana que prega que Adão foi feito de barro molhado.

LAUREAR - Dar o prêmio para a Laura.

LINCHADO - Aquele que apanhou até inchar.

LIQUIDAR - Matar por afogamento.

LISÉRGICO - Substância que faz o Sérgio ficar doidão.

LOCOMOVER - Ato de mover o louco.

LOROTA - Loura oxigenada.

LUSÍADAS - Poema épico que narra as aventuras de Luzia e o que ela ganhou na horta.


E NÃO PERCA NO SEXTO E INEBRIANTE CAPÍTULO DO PAI DOS BURROS, UM MÉNAGE A TROIS ENTRE AS LETRAS M, N E O! É VER PARA CRER!

- LHUFAS - coisa com coisa nenhuma –



PEQUENO INDICIONÁRIO DE NUTILIDADES – FASCÍCULO 7

Coágulo De Diadorim
Expressão substantiva de vereda
Constelação visível apenas nos céus do hemisfério Sul e no Círculo Polar Ártico, durante seu curto verão. Pode ser localizada pelas seis estrelas avermelhadas que formam os dois triângulos conhecidos como Raso do Cachorral e Corguinho do Dinho. As estrelas são Garanço, Curiol, Fafafá, Retenteia, Rama-de-Ouro e Cererê Velho. Segundo a lenda, elas orientam os navegantes desde que estes fechem os olhos e se deixem levar. Quem não tiver coragem para tal, é melhor não procurar o Coágulo de Diadorim nos céus pois seu navio não naufragará mas nunca mais chegará a um porto, ficando a navegar em mares desconhecidos para sempre. Esse castigo teria se abatido sobre a nau de Vasco de Ataíde, que fazia parte da esquadra de Pedro Álvares Cabral e nunca mais foi encontrada. Conta-se também que Macunaíma, o herói de nossa gente, decidiu morrer para ir viver no Coágulo de Diadorim, mas ainda não encontrou a constelação e vive perdido na imensidão do céu. “Eu não imaginava que infinito era tanto”, disse ele e seguiu correndo atrás da constelação. Por isso, cada vez que vemos uma estrela cadente, é Macunaíma correndo pra tentar encontrar Diadorim.

Cós Do Capeta
[Do provenç. cors da capitto ]
Segundo uma velha lenda corsa, o cós do capeta é uma tira de pano que dá a quem a possui a capacidade de se transmudar em qualquer outra pessoa. No tempo em que Deus e o Diabo ainda se falavam, embora já estivessem brigados, contam que o Capeta resolveu fazer um terno novo só para ir ao aniversário de Deus. E o encomendou a São Casimiro, protetor dos alfaiates. O santo, temendo que a presença de Lúcifer desagradasse o Todo-Poderoso e acabasse por estragar a festa que todos no céu preparavam com tanto cuidado, decidiu não aprontar nunca o terno, para não deixar o Demônio ir lá. Por isso, toda vez que o Coisa Ruim chegava para experimentar a roupa, São Casimiro tirava fora o cós da calça e dizia que precisava refazê-lo. O Diabo percebeu o truque do santo, foi juntando todos os coses que Casimiro jogava fora, lavou-os numa noite sem lua nem estrela e pediu a um súcubo que lhe fizesse uma roupa idêntica à do santo. Quando chegou o aniversário de Deus, enquanto São Casimiro costurava ferozmente, o Diabo, disfarçado de São Casimiro, dançava, comia e bebia a valer na festa divina.
Desabotão
[ Do fr. arcaico dessous-botton ]
Botão impossível de ser desabotoado. Na Idade Média, a Igreja Católica declarou na Summa Omnium Conciliorum Et Pontificum que o Desabotão fora criado por Deus para manter a virgindade das mulheres. Mas, segundo um evangelho apócrifo, atribuído a São Loquace de Parma, o desabotão seria o botão da verdadeira arca da aliança. Ela estaria trancada no paraíso e guardaria as memórias da família de Deus,coisas como retratos de seus pais e de Deus brincando com seus irmãos quando criança. Foi por não conseguir abrir o desabotão que Deus resolveu criar o Universo e a humanidade. Mas por não se esquecer dele, tornou-se vingativo e amargo, sempre desforrando em suas criações a raiva que as saudades lhe acumularam por dentro.
Eva-De-Pulmão
Subst. paradisíaco
Mulher que Deus fez de um pulmão de Adão e que possuía a capacidade de viver dentro dágua, respirando como os peixes. Ela e Adão não se davam bem, não gostavam das mesmas comidas nem dos mesmos recantos do Paraíso, tinham sono e fome e cansaço sempre em horas diferentes. Além disso, Eva conversava com vários animais, que a acompanhavam dia e noite, fazendo com que Adão, enciumado, vivesse brigando com ela. Após essas brigas, quando Adão muitas vezes chegava a agredir Eva sem que Deus interferisse, ela passava meses no mar, em companhia dos peixes. Quando Eva enfim retornava à terra firme, Adão não a deixava dormir a seu lado, reclamando do cheiro de maresia que ela exalava. “Que fosse dormir com os peixes!”, gritava ele, acordando os seres do Paraíso. Até que um dia Adão seguiu Eva a uma praia de rio onde ela gostava de se banhar. Enquanto sua mulher sumia sob as águas, ele pôs-se de tocaia atrás de uma grande pedra azul, numa das margens. Quando Eva voltou à superfície e tirava os cabelos do rosto para olhar o vulto que se aproximava, Adão golpeou-a várias vezes com um arpão feito de presas de elefante, até ter certeza de que estava morta. Para sua surpresa, o corpo de Eva não parava de sangrar. Adão arrastou-o até o mar e encheu-o de pedras para que submergisse. E o corpo de Eva realmente afundou e desapareceu da vista de Adão. Mas o mar foi-se tingindo mais e mais de vermelho. Adão fugiu de volta para a floresta, onde encontrou Deus. É claro que Deus – que desde sempre tudo via e em tudo estava – sabia o que acontecera e nem perguntou a Adão por Eva. Limitou-se a dizer: vá e traga o corpo da que eu criei. Adão passou meses mergulhando em meio às águas vermelhas e turvas. Num desses mergulhos viu a mulher e era como se ainda estivesse viva, pois repetia seu último gesto em vida, desembaraçando os cabelos e tirando-os do rosto para olhar para o vulto à sua frente. Apavorado com a cena, Adão acabou se enovelando nos cabelos de Eva e morreu afogado junto ao corpo da mulher. Assim terminou esta humanidade, a terceira criada por Deus. Ele já criou várias humanidades diferentes. A nossa é a décima segunda e está chegando ao fim.

Orlágrima
[Do lat. vulg. orulacrima.]
Subst. ocular

1. Lágrima marítima, que deságua na praia durante as marés de sizígia. Ela se difere da simples água do mar por sua coloração arroxeada e por não possuir nenhuma quantidade de sal, sendo a única lágrima doce do mundo. O que ainda não sabemos é porque o mar chora.
2. Pedra que existia no nascimento do mundo e que decifrava para os seres humanos, para os animais e para as outras pedras o que os deuses falavam. Nessa época, todas as coisas que existiam – fossem minerais, vegetais, gentes ou deuses – falavam, voavam e inventavam. Mas os deuses queriam reinar sozinhos e acabaram por subjugar todas as outras coisas. A orlágrima tentou alertar a todos sobre os planos divinos e por isso os deuses a condenaram a nascer e viver somente nos rins dos seres humanos, onde ninguém a escuta e ela só pode causar dor.

Paratório
[Do quíchua. Paretl + sufixo ório.]
Parada que havia nos caminhos do império Inca que percorriam a América, do extremo sul chileno até as florestas da Guatemala. Ali havia um poeta, um juiz e um verdugo. Quem estivesse de passagem, era obrigado a parar, escutar algum texto lido pelo poeta e interpretá-lo. Em seguida, o juiz estabelecia se a interpretação estava certa ou errada. Se fosse considerada correta, a pessoa era imediatamente decapitada pelo verdugo, por não ter imaginação.

UM CONTO, UM PONTO

“Pois que inventar aumenta o mundo.”


Manoel de Barros

OUTDOR – poemas visuais –


CAROS AMIGOS



Essa é a minha crônica do mês de abril na revista Caros Amigos, que já se encontra nas melhores bancas do ramo! Este número traz várias matérias sobre cultura brasileira: uma entrevista com o ministro da cultura Juca Ferreira, o escritor Paulo Lins falando de literatura, cinema e Rio de Janeiro, e o cartunista da nova geração André Dahmer. E mais: a destruição da mata atlântica na Juréia, Bezerra da Silva e os 13 anos de existência e resistência da revista. Sem falar na seleção brasileira de articulistas, pra Dunga nenhum botar defeito.

REVISTA CARAS... AMIGAS

O SUPLEMENTO RICO E CHIQUE DA CAROS AMIGOS

(no próximo número sairemos em inglês e papel couché,
para nos diferenciarmos do resto da revista)


Editores: Gisélio Bunchen & Cesar Cardoso


Saiu a Coleção “Para Entender O Brasil”, com os depoimentos dessa gente humilde, que vontade de chorar! Volume um: Porque Eu Amo Morar Numa Favela que Desaba e Inunda. Volume dois: Porque Eu Adoro Trabalhar de Camelô em Vez de Ter Carteira Assinada e Aposentadoria. E volume três: Porque eu Sou Apaixonado Por Vender Droga em Vez de Estudar. Finalmente nós, da elite, vamos entender essa gentalha (e descobrir que eles não têm jeito mesmo).

E já que, por falta de assunto melhor, estamos falando do povinho, pesquisa: responda depressa, o brasileiro é um povo pacífico ou atlântico?

Amiga participativa: saíram as novas palavras de ordem pra você desfilar sua coleção outono/inverno nos Jardins: “Paz na Terra! Viva a Batalha Naval!” “Basta de basta. Agora é Bosta!” E: “Nem mais um dia: liberdade aos frangos de padaria!”

Um pouco de economia. Preocupados com a ascensão dos pobres ao mundo do consumo, os bancos lançaram uma linha de crédito popular para a compra da dignidade própria. O kit completo vem com diploma universitário que dá direito à prisão especial. Vamos lá, miserável, não perca a sua chance de dizer: “sabe com quem está falando?”

E o Brasil, hein? Corrupção, vá lá. Agora, ascensão social dos pobres? Francamente! Mas otimismo, my friends, otimismo. O planeta vai esquentar? Oba, vamos vender ar condicionado. Vai ter enchente pra todo lado? Oba, vamos vender bóia. Vai desabar tudo? Oba, vamos vender material de construção!

É isso aí. Liberdade, liberdade: abre as patas sobre nós!

PATAVINinha’s


O PLAYGROUND DO PATAVINA’S –
ENQUANTO A MAMÃE FAZ COMPRAS NA INTERNET,
AS CRIANÇAS SE ADIVERTE!



O GAMBÁ VIAJANTE

Compadre gambá
resolveu passear
num caronavião
partiu pra Paris.
Na hora do vôo
a aeromoça falou:
- Apertem os cintos
e tapem o nariz.

Chegando lá
compadre gambá
comprou um chapéu
e todo elegante
tirou uma foto
na porta do hotel.

Também comprou
incenso chinês
e trezentos litros
de perfume francês.
Percorreu os museus
passeou pelas noites
com a lua no céu.
E escalou a letra A
da torre Eiffel.
Sentou num barzinho
na borda do rio Sena
pra tomar um vinho.
Estava todo maneiro
mas, que pena!
acabou seu dinheiro.

Compadre gambá
parou, pensou
e não se apertou.
Num caronavio
voltou pra sua casa
na beira do rio.

Foi boa a viagem.
Trouxe de presente
pra gambaxirra
dois quilos de vagem
e uma mochila.
Pro gambarrato
ele deu um queijo
e pra você
que está lendo
mandou este beijo.


Meu e mail: cesarcar@uninet.com.br

©Cesar Cardoso, 2010. Todos os direitos e esquerdos reservados. Que os piolhos infectados de 18 mil camelos infestem as partes pudendas de quem publicar algum texto daqui sem avisar nem dar meu crédito.