sexta-feira, 28 de maio de 2010

SAMBLUES 1


N.P.B. – NOEL POPULAR BRASILEIRO

Quem é você que não sabe o que diz, que palpite infeliz, quem é você, diga logo que eu quero saber, hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim: quem? Pra que? Pra que mentir? Fingir que perdoou? Tentar ficar amigos sem rancor? Pra que mentir, se não há necessidade de me trair, pra que mentir se tu ainda não tens a malícia de toda mulher? Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim, cale a boca e não cale na boca, diga, diga sempre que eu não presto, que o meu lar é o botequim, que eu arruinei a sua vida, não mereço a comida para quem precisa, comida para quem precisa da comida que você pagou pra mim. Nosso amor, nosso amor que eu não esqueço... esquece o nosso amor, vê se esquece porque eu não esqueço, morre hoje sem foguete, sem retrato, sem bilhete, sem retrato em branco e preto a maltratar meu coração, ah, meu coração, o samba nasce do coração, quem acha vive se perdendo, batuque é um privilégio, batuque na cozinha sinhá não quer, ninguém aprende samba no colégio, desde que o samba é samba é assim, a lágrima clara sobre a pele escura, a noite, a chuva que cai, o orvalho que vem caindo, vai molhar o meu chapéu... A minha terra dá banana, yes, nós temos banana, banana pra dar e vender. E quem dá mais? Quem dá mais?Por um samba feito nas regras da arte, sem introdução nem segunda parte. Só tem estribilho, nasceu no Salgueiro, salve Estácio, Salgueiro e Mangueira, que sempre souberam muito bem que eu nasci no Estácio e se alguém quer matar-me de amor que me mate no Estácio porque eu não posso mudar minha massa de sangue, palmeira do Mangue não vive na areia de Copacabana, princesinha do mar, pelas manhãs tu és a vida a cantar, e à tardinha o sol poente, o sol da Vila, o sol da Vila é triste, samba não assiste porque? Porque o samba na realidade não vem do morro, o morro? O morro não tem vez. E o que ele fez? O que eu faço? Faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã, escuto a correria da cidade, escuto o apito da fábrica de tecidos e me lembro de você, você que atende ao apito de uma chaminé de barro, que no inverno sem meias vai pro trabalho, e vem ferir os meus ouvidos, vem, vem, vem sentir o calor dos lábios meus à procura dos teus, vem matar essa paixão, que me devora o coração, ah, coração! Coração que não se cansa de sempre sempre te amar, e vivo tonto com o teu olhar, e as pastorinhas, pra consolo da lua, da lua de São Jorge, lua brasileira, lua do meu coração, lua que o samba faz nascer mais cedo, lá em Vila Isabel, um feitiço sem farofa, sem vela, só com uma fita amarela, gravada com o nome dela, não quero flores, nem coroa com espinho. Hoje pra você eu sou espinho, tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor, eu vou pra luta pois eu quero me aprumar. E eu pergunto com que roupa, e eu pergunto pra que mentir, e eu pergunto quem dá mais, e eu pergunto quem é você? Quem é você que não sabe o que diz...

2 comentários:

  1. césar, sou assinante da caros amigos. vc é o primeiro a ser lido.obrigada por me devolver ahumanidade com textos q descortinam o desumano q há em cada um d enós.

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  2. Cara Larissa,

    Você foi num ponto chave mesmo - descortinar o desumano é uma das coisas que tento com meus textos.
    Obrigado pela força e volte sempre, ok?

    Beijo

    Cesar

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