sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAIU NA REDE É PIXEL














Ut –
Nome da oitava nota musical, a única que não pode ser escutada pelo ouvido humano. É emitida pelas baleias beluga e por alguns insetos das florestas do sudeste asiático. Foi descoberta e grafada na sexta linha da pauta pelo monge beneditino Guido d’Arezzo, em 1032, na Toscana. O compositor Mozart foi o único ser humano até hoje a compor uma sinfonia na clave de Ut. Ele pretendia tocá-la no Mar do Norte, na época do acasalamento das belugas, mas morreu antes de realizar tal proeza.




CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –


Meu caro Cesar,
Aí vão os contos que você pediu. E você me pergunta porque escrevo? Bem, só posso te dizer que se fosse sólido eu comia, se fosse líquido, eu bebia. Escrevo porque é gasoso.

Besos,

Alice Barreira

QUE HORAS SÃO

Sempre nunca, como quem fosse aos Estados Unidos e jejuasse no guichê do correio até que uma amiga lembrasse de enviar um cartão postal dando notícias de mim. Andar de bonde em São Francisco e ficar muda em outra língua talvez acalmem este não querer olhar como meu pai fazia. Ah... o cigarro e a vodka podem ser boas apólices de seguro. Por que as alfândegas só me pedem passaportes? Eu gostaria de contar ao homem de sorriso gentil que torço pelo Fluminense, que fiquei viúva, que não vi a uva. E ele, solícito, carimbaria minha alma e determinaria meu tempo de permanência em algum lugar.

O tempo, esta soma improvável de vontade e acaso.


ESTRELA BRASILEIRA NO CÉU AZUL

Ah, se eu tivesse um avião! Cada problema um aeroporto, cada angústia uma viagem. Apertem os cintos, os acentos são flutuantes, non stop. E o sorriso seguro das aeromoças.

Alguém morreu? O DCA avisa que é proibido fumar em todo território nacional. Separação? O prazo de validade do passaporte é de dez anos, podendo ser renovado. Câncer? Flight number fifty two now boarding in gate four.

Quanto ao anseio infinito e vão, quanto ao nunca de núncaras, as linhas aéreas literárias agradecem a preferência e esperam sempre contar com sua presença a bordo de nossas aeronaves.

OUTDOR – poemas visuais –


MIFEOIEMOÇEMOC
CMIFEOIEMOÇEMO
COMIFEOIEMOÇEM
COMMIFEOIEMOÇE
COMEMIFEOIEMOÇ
COMEÇMIFEOIEMO
COMEÇOMIFEOIEM
COMEÇOMMIFEOIE
COMEÇOMEMIFEOI
COMEÇOMEIMIFEO
COMEÇOMEIOMIFE
COMEÇOMEIOEMIF
COMEÇOMEIOEFMI
COMEÇOMEIOEFIM


TWITER AND SHOUT - A LITERATURA E A INTERNET

Eu não tenho celular mas tenho blog. Sou um estranho internauta literário. Ainda estou descobrindo como funciona o grampeador e o clipse e já tenho que saber muito mais do que isso para montar meu blog na rede. Sou do tempo em que viver na rede era coisa de índio ou piada sobre baiano. Mas queira eu ou não, também sou do tempo da Internet. E podem acreditar que eu quero.

Minha experiência em montar um blog é bem recente, cerca de quatro meses apenas. Mas já dá para perceber e pensar algumas diferenças que a Internet me proporciona como escritor.

O blog e a rede da Internet decretam por exemplo o fim das gavetas. O ser humano inventou a escrita e como consequência surgiu essa praga conhecida como escritor. E há milênios o escritor vive seu drama pessoal: como esvaziar suas gavetas cheias de escritos? Bem, com a Internet esse drama chegou ao fim. Agora qualquer escritor pode despejar todo o conteúdo de suas gavetas na rede... para o bem e para o mal. Porque, na verdade, a maior parte do que escrevemos é para ficar na gaveta mesmo. São nossos rascunhos, que resultarão em uns poucos escritos de qualidade e muito papel pras cestas de lixo. Literatura é iceberg. De qualquer forma cria-se uma nova forma de diálogo entre o criador, sua obra e seu público. O rascunho agora pode ser feito e refeito ao vivo, numa espécie de reality show literário, na frente do leitor, on line. Ou podemos fingir que á assim. Literatura também – e sobretudo – é fingimento.

Outro aspecto literário secular que se modifica é o manuscrito. Ele tende a virar peça de museu e talvez a desaparecer. E o que acontece com um certo tipo de estudo que se debruça sobre os vários manuscritos e rascunhos do autor, mostrando os caminhos do seu fazer literário? Desaparece ou se modifica? Cartas – ou melhor – e mails - para a redação.

O fazer literário sempre começou com a terrível página em branco. Mas mesmo ela se modificou e foi trocada pela tela em branco. A página com a caneta são também conquistas tecnológicas da humanidade. Houve um tempo em que o escritor era egípcio, se chamava escriba e ficava diante da pedra em branco, segurando seu martelinho ou talhadeira. Quando inventaram o papiro, certamente os fabricantes de pedra disseram que aquilo era coisa do demônio e ia acabar com a humanidade. Mas voltemos ao nosso branco, na folha de papel e na tela, essa coisa do demônio que vai acabar com a humanidade... Bem, caderno não tem tomada e a tela está ligada ao mundo. Ou pelo menos a um mundo, o virtual. E a tela tem movimento. É literatura viva e se mexendo, ao contrário da folha de papel.

E vejo ainda uma outra possibilidade interessante: a de fazer um livro sem fim. Acabei de escrever um livro para crianças que tem dois personagens principais: um é o escritor que está escrevendo o livro e o outro é o próprio livro que está sendo escrito e discute seus rumos com o escritor. E esses personagens dão endereços eletrônicos para os leitores conversarem com eles. Então eles continuarão existindo, agindo e pensando como personagens – enquanto conversam com seus leitores – mesmo depois do objeto livro de papel estar fechado. Ou seja: a chamada conversa com o leitor, graças ao mundo virtual, ganha realidade. O livro não se fecha. Tudo isso possibilitado pelas novas tecnologias e pela conexão em rede.

*

Mas eu me lembro que comecei a escrever na década de 70, com a chamada geração mimeógrafo e sua produção: a poesia marginal. Um dos motivos do nome “Marginal” é que nós estávamos à margem do processo editorial. Daí o mimeógrafo, como forma de botar no mercado nossa produção literária. Hoje parece piada comparar o mimeógrafo de 35 anos atrás e seu cheiro de álcool com a internet e toda a produção digital. Mas o mimeógrafo é o tataravô do blog, pois os dois cumprem, de forma assemelhada, a função de divulgação de textos literários, queira o mercado ou não.

E por falar em História, uma citação: “esta nova ferramenta vai destruir tudo o que a civilização construiu, milênios de cultura estão sendo jogados na lata do lixo”. Quem disse essa frase? Um intelectual francês, esculhambando a internet e a cultura digital? Ou um copista da Idade Média, esculhambando a nova tecnologia de impressão inventada por Gutemberg no século 15? Não importa. O certo é que as invenções sempre assustaram o ser humano. E nem sempre são usadas para o que foram criadas. Um dos motivos para Santos Dumont se matar teria sido ele ver a aviação jogando bombas durante a revolução de 32. E dizem que Deus, quando tirou uma costela de Adão, estava só querendo fazer um churrasco mas acabou inventando a mulher. Também os militares americanos quando criaram a primeira internet estavam só querendo acabar com os comunistas, não sonhavam em acabar descobrindo quais as 45 posições sexuais preferidas da Bruna Surfistinha.

Na Pré-História os homens eram os livros. Quanto mais velho o homem mais história ele tinha. E cada homem que morria era um livro a menos. Quando inventaram a escrita, muita gente deve ter achado que aquilo ia estragar tudo. E eles tinham razão: a escrita acabou com a Pré-História. Mas em compensação ela criou a História. E junto com a História veio a linearidade do texto. Mas agora trataram de inventar o hipertexto, rompendo essa linearidade e criando uma realidade em rede, com milhões de textos e imagens boiando em círculo na rede virtual. Além disso, a internet tem algo em torno de um bilhão e 300 milhões de usuários. Nunca nenhuma experiência humana juntou 20 por cento da humanidade. Algo maior do que isso só na época de Adão e Eva quando cem por cento da humanidade foi expulsa do Paraíso.

Mas afinal, que paradigma estamos rompendo? O do Renascimento, com a invenção da imprensa por Gutemberg? Ou o da História, abandonando o predomínio da linearidade da escrita em prol da circularidade da linguagem visual? Me parece que ainda vivemos a nova tecnologia, o mundo da cultura digital, entre a fascinação e a descrença e com pouca visão crítica dele. E esse texto também é prova disso. A nova cultura digital dificilmente irá destruir a cultura ocidental e tudo que acumulamos de saber até hoje. E dificilmente também irá levar todos ao nirvana ou a alguma espécie de céu social, eliminando magicamente as diferenças acumuladas por séculos de processos históricos. Mas que nova forma de lidar com o tempo e o espaço ela está criando? E no plano simbólico, que representações? E que alterações estéticas e éticas vão surgir desse novo mundo?

Por exemplo. De um lado escritores chineses que protestaram na feira do Livro de Frankfurt e a blogueira cubana, que foi impedida de vir ao Brasil pelo governo de Cuba. E de outro lado a Microsoft, contra o software livre, e a própria indústria livreira mundial, defendendo o governo chinês na Feira de Frankfurt. Quais os riscos do domínio desse mundo virtual pelo Estado ou pelo mercado? E quanto da discussão sobre mídia eletrônica e o e-book, por exemplo, está pautado pela indústria e sua necessidade de impor o ritmo de consumo absurdo da sociedade de hoje?

E no nosso caso, brasileiro, acho que a cultura digital não vai destruir Brasília, com tudo que ela tem de nova informação arquitetônica e cultural, nem vai salvar da miséria Nova Brasília, a favela com seu nome irônico encravada no Rio de Janeiro. A tarefa social continua começando com ler e escrever, me parece. Agora de duas formas, a tradicional e a digital, na rede. E daí então pode-se partir para o domínio dos instrumentos que formam a rede. Para poder produzir, não simplesmente um e mail ou um papo no MSN, mas conhecimento novo. Desmontar a caixa preta da tecnologia – de que fala o filósofo Villén Flusser - e remontá-la de acordo com os mais diversos interesses de cada indivíduo e de cada grupo social.

A tecnologia em si pode promover tanto o bem estar social quanto o esmagamento de liberdades. E pode fornecer – e fornecerá – instrumentos tanto para uma coisa quanto a outra. Mais uma vez atuação do homem, individual e coletivamente, é que vai determinar os caminhos que percorreremos.

É por isso que toda noite, antes de dormir, eu penso: eu nasci no tempo do twist e agora tenho que aprender o twitter. E lá se vai meu sono embora.

“NÚNCARAS” – po+es+ia


joana rasga as fotos
do amor já torto e roto

waldemar toca a beber
pra matar a embriaguez

martins arranha os discos
e por fim o prego no ouvido

inês dá três tiros na aorta
três seu número da sorte

soraia faz juras e pula
será do amor essa altura?

as pazes se desfazem
a cara cospe a metade

resta sem ganir o cão
que ainda fareja as mãos

onde já não há pessoa
só o cachorro perdoa

AVISO AOS NAUFRAGANTES


OU EST MONSIEUR MARCOS BONISSON? IL EST A PARIS!

É isso aí: pra quem estiver em Paris, abriu no dia 18 (e vai até 20 de dezembro) a exposição Série Pollage, do Marcos Bonisson, artista plástico e meu mestre na fotografia. Ele está expondo uma série de mais de cem trabalhos feitos sobre polaróides.

ESCRITORAS SUICIDAS MAIS VIVAS DO QUE NUNCA!

Já está na rede a edição 37 das Escritoras Suicidas. São contos e poemas que têm como tema “os quatro elementos”, “pés” e “aquele beijo que dei”. Como vocês devem estar lembrados – ou esquecidos - as “Escritoras Suicidas” se auto-definem como “um site de mulheres e homens que fingem de”. Olha só o time: Adelaide do Julinho, Assionara Souza, Virna Teixeira, Cida Pedrosa, Verônica Couto, Dona Cecy, Valéria Tarelho, Eugênia Fernandes, Tatiana Alves, Florbela de Itamambuca, Tati Skor, Jane Sprenger Bodnar, Suzana Bandeira, Julya Vasconcelos, Simone Santana, Jussara Salazar, Silvana Guimarães, Lia Beltrão, Shankara Lis, Lídia, Santa Maria, Líria Porto, Ro Druhens, Lucélia Majistral, Roberta Silva, Márcia Maia, Pomba Maria, Marília Kubota, Patty Flag, Mariza Lourenço, Nina Rizzi, Medeea Latour e minha irmãzinha querida e colaboradora assídua deste blog a genial e geniosa Alice Barreira. Pilotam o site Florbela de Itamambuca e Silvana Guimarães. Nessa nova edição Alice comparece com o conto “O Mar de Dentro”. E aí, você ainda está aqui lendo o que eu to escrevendo? Larga isso e vai logo pras Escritoras Suicidas, anda! É só clicar:
www.escritorassuicidas.com.br


ALÉM DOS BRUTOS, AS LOUCAS TAMBÉM AMAM!

“Olá, amigos. Depois de alguns anos de pesquisa e elaboração, lanço dia 24 de novembro, o meu livro "Loucas de Amor", um livro de reportagem com ilustrações em quadrinhos de Fido Nesti. Haverá leitura de trechos do livro com as atrizes Letícia Isnard e Daniela Galli.Espero vocês lá. Um abraço. Gilmar.”

Foi esse o bilhete que recebi de meu amigo, o roteirista e escritor Gilmar Rodrigues. Aproveito e convido todo mundo. Vai ser na casa de Cultura Laura Alvim (Vieira Souto, 176), a partir das 19:30. Em Sampa o lance aconteceu no dia 17, na super Mercearia São Pedro, lá na Vila Madalena.

HOJE É DIA DE VISITA












JOAN BROSSA

Lirismo, humor e Catalunha: eis alguns dos componentes da obra plural do barcelonês Joan Brossa. Ele transita entre o verso, a poesia visual, o poema-objeto, os cartazes, a cenografia etc, sempre sem fronteiras, ou acabando com elas onde existirem. Brossa foi amigo do poeta João Cabral, quando esse era cônsul em Barcelona. Morreu em 1998, aos quase 80 anos, e é um antídoto contra os “chatoboys”, que adoram separar tudo em escaninhos e arquivos sem mistura. Eu, como já fumei Mistura Fina, vou de Brossa na veia.

RIO DE VERSOS

Drummond traça um retrato da cidade.E, como todo retrato, este também tenta desesperadamente fixar um momento que, inexorável, passa entre as ruas e entre os dedos, como a água, a chuva. O que fica, então? A poesia, quem sabe.

ELEGIA CARIOCA

Nesta cidade vivo há 40 anos
há 40 anos vivo esta cidade
a cidade me vive há 40 anos.

Sou testemunha
cúmplice
objeto
triturado confuso agradecido nostálgico

Onde está, que fugiu, minha Avenida Rio Branco
espacial verdolenga baunilhada
eterna como éramos eternos
entre duas guerras próximas?
O Café Belas-Artes onde está?
E as francesas do bar do Palace Hotel
e os olhos de vermute que as despiam
no crespúsculo ouro-lilás de 34?

Estou rico de passarelas e vivências
túneis nos morros e cá dentro multiplicam-se
rumo as barras-além-de-tijuca imperscrutáveis
Sou todo uma engenharia em movimento
já não tenho pernas: motor
ligado pifado recalcitrante
projeto
algarismo sigla perfuração
na cidade código
Onde estão Rodrigo, Aníbal e Manuel
Otávio, Eneida, Candinho, em que Galeão
Gastão espero o jato da Amazônia?
Marco encontros que não se realizam
na abolida José Olympio de Ouvidor
Ficou, é certo, a espelharia da Colombo
mas tenho que tomar café em pé
e só Ary preserva os ritos
da descuidada prosa companheira
Padeiros entregam a domicílio
o pão quentinho da alegria
o bonde leva amizades motorneiras
as casas de morar deixam-se morar
sem ambição de um dia se tornarem
tours d’ivoire entre barracos sórdidos
o rádio espalha no ar Carmem Miranda
a Câmara discursa
os maiôs revelam 50%
mas prometem bonificações sucessivas
Getúlio sorri, baforando o charutão
Rio diverso múltiplo
desordenado sob tantos planos
ordenadores desfigurados geniais
ferido nas encostas
poluído nas fontes e nas ondas
Rio onde viver é uma promissória sempre renovada
de classe média
enquanto multidões penduradas nos trens elétricos
na indistinção entre vida e morte
futebol e carnaval e vão caindo
pelo leito da estrada os morituros

Ser um contigo, ó cidade,
é prêmio ou pena? Já nem sei
se te pranteio ou te agradeço
por este jantar de luz que me ofereces
e a ácida sobremesa de problemas
que comigo repartes
no incessante fazer-se, desfazer-se
que um Rio novo molda a cada instante
e a cada instante mata
um Rio amantiamado há 40 anos.

- LHUFAS - coisa com coisa nenhuma –


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