Meu caro Cesar,
Aí vão os contos que você pediu. E você me pergunta porque escrevo? Bem, só posso te dizer que se fosse sólido eu comia, se fosse líquido, eu bebia. Escrevo porque é gasoso.
Besos,
Alice Barreira
QUE HORAS SÃO
Sempre nunca, como quem fosse aos Estados Unidos e jejuasse no guichê do correio até que uma amiga lembrasse de enviar um cartão postal dando notícias de mim. Andar de bonde em São Francisco e ficar muda em outra língua talvez acalmem este não querer olhar como meu pai fazia. Ah... o cigarro e a vodka podem ser boas apólices de seguro. Por que as alfândegas só me pedem passaportes? Eu gostaria de contar ao homem de sorriso gentil que torço pelo Fluminense, que fiquei viúva, que não vi a uva. E ele, solícito, carimbaria minha alma e determinaria meu tempo de permanência em algum lugar.
O tempo, esta soma improvável de vontade e acaso.
ESTRELA BRASILEIRA NO CÉU AZUL
Ah, se eu tivesse um avião! Cada problema um aeroporto, cada angústia uma viagem. Apertem os cintos, os acentos são flutuantes, non stop. E o sorriso seguro das aeromoças.
Alguém morreu? O DCA avisa que é proibido fumar em todo território nacional. Separação? O prazo de validade do passaporte é de dez anos, podendo ser renovado. Câncer? Flight number fifty two now boarding in gate four.
Quanto ao anseio infinito e vão, quanto ao nunca de núncaras, as linhas aéreas literárias agradecem a preferência e esperam sempre contar com sua presença a bordo de nossas aeronaves.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário