sexta-feira, 11 de setembro de 2009

TODO PROSA


PEQUENO INDICIONÁRIO DE NUTILIDADES –
FASCÍCULO 4


Algozar
[Do árabe al-guzz-zir.]
V. t. d.

Chegar ao gozo através de seu algoz, de um carrasco que martiriza, suplicia o ser amado, com gestos e objetos que magoam e afligem e que não cessarão até que a vítima atinja o gozo.
Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade, é quem emprega o termo algozar pela primeira vez na literatura ocidental, em seu livro Diálogo entre um Padre e suas Amantes.

Belo-belo
[Do lat. Bellu-bellum.]
S.m.

Pássaro da família dos fingilídeos, encontradiço nas matas de Pernambuco, Bagdá e Cusco. Foi descoberto no início do século XX pelo biólogo recifense Carneiro de Souza Filho, que registrou os hábitos da ave em seu livro A Volta ao Mundo Só num Navio de Vela. Segundo Souza Filho, o belo-belo costuma escolher a solidão dos píncaros para construir seu ninho e só pode ser avistado à luz da primeira estrela brilhando no lusco-fusco. São seus parentes o lero-lero e o fora-zero.

Bocageiro
[Do lat. Bucca + suf. geiro.]
S.m.

Porão existente nas casas das aldeias medievais do norte de Portugal, onde se lia versos e se praticava sexo grupal. Os bocageiros foram destruídos pela Inquisição e seus praticantes queimados em fogueiras, assim como os livros que falavam dos deles e seus autores. O poeta Bocage encontrou algumas citações dos bocageiros em rascunhos de Camões, que leu na Torre do Tombo, em Lisboa, e daí adotou o pseudônimo de Bocage, que usou pela vida toda e acabou registrando como sendo seu real sobrenome.

Cão de Agosto
[Do lat. Cane Augustus.]
S.m.

1.Um dos cães que guarda a entrada do Inferno, o cão de agosto sofreu esse castigo por ser o cão de Judas e ter lealmente permanecido sob a figueira em que seu dono se enforcou.
2. Constelação austral a noroeste do Cruzeiro do Sul, cuja estrela mais brilhante é Cérbero.

Deslogradouro
[Do lat. tard. deslucradior, por via popular.]
S.m.

1. Lugar onde não se goza.
2. Órgão sexual das virgens, das freiras.
3. Espaço público interditado à prática sexual.

Flor-pescada
[do lat. Florepescum.]
S.f.

Ser vivo que habita os igarapés amazônicos, a Flor-Pescada, também conhecida como Pisceflor, é metade animal e metade vegetal. Dependendo do perigo que a ameaça, essa espécie assume a sua forma de planta, flor-pescada, ou de peixe, o pisceflor. Pré-histórica e mitológica, ela costuma se esconder nas Terras do Sem Fim para fugir de seu principal predador, a cobra Norato.

Muiraquitar
[Do tupi imuii-iriaquitã.]
V.t.s. Bras. Amaz.

Ato de batizar pequenas esculturas em forma de sapos e serpentes, feitas em pedra-de-mãe-d’água pelos índios Jiguês, do Baixo Rio Solimões. Dessa forma elas passam a ter poderes mágicos e protegem seus donos dos ataques dos maanapes, demônios que habitam as florestas e as partes mais fundas dos rios.


Zerocórnio
[Do ár. zéfiro + lat.pop. cornu.]
S. m.

1. Espécie de rinoceronte que vive na África Setentrional Sonhada. Não possui chifres nem corpo e a boca que não tem emite sons semelhantes às três últimas vogais de nosso alfabeto. Para que ele se reproduza é preciso que alguém sonhe com a África Setentrional por tempo suficiente para que o zerocórnio percorra as densas florestas da região, encontre uma fêmea no cio e então copule.

2. Substância do chifre desse animal, que seria mágica e teria ressuscitado Lázaro.

2 comentários:

  1. Grande Oswaldo!
    Vamos que vamos. Longa vida aos nossos blogs!
    (E mais longa ainda pra nós! Pra gente escrever bastante e tomar cerveja comentando o que escreveu.)

    Abração

    Cesar

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