sexta-feira, 11 de setembro de 2009

CHIPS – o prazer da batata & o poder do circuito –


CORRESPONDÊNCIA

S.

Os exames não indicaram nada mas continuo com as dores por todo o corpo e sem conseguir dormir antes das três da manhã. Acordo às sete, pontualmente, com o vômito. Sim, comprimidos de todo tipo, pra dor, pra enjôo, pra febre, pra tudo. E agora umas injeções que tua mãe receitou.
E nada.

Beijo
T.

S.


Ontem consegui sair de casa. E melhor ainda: fui ao banco e renegociei a dívida do cartão. Acho que começo a me acostumar com a tua falta. Mas quando lembro que você está aí com eles. De qualquer forma segui teu conselho. Toda noite, em vez de novela, vou à ala dos pacientes terminais no hospital aqui em frente. Falei no teu nome e eles aceitaram meu trabalho voluntário. Tenho dormido melhor.

Beijo
T.

S.


Deixei tuas coisas na portaria, pode passar a qualquer hora. Felicidades para teus filhos. Que eles não cruzem muito com gente como nós. Meu sono está voltando. Uma vez por semana escolho um dos pacientes e lhe dou repouso. Às vezes uma injeção (tua mãe me ensinou pensando que era pra mim). Às vezes um aparelho desligado. Ou, nos mais debilitados, um rápido sufocamento com o travesseiro. É, você tinha razão. O sono voltou.

Beijo
T.

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