sexta-feira, 11 de setembro de 2009

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –


O METEORO

Todo filme é de época. Toda época é cega. Depois do Renascimento, da imprensa e das grandes navegações, vivemos o Remorrimento. Temos mil capacidades de nos destruirmos. E ao planeta. Depois dos minutos de fama, agora cada um de nós agora terá direito a 15 segundos de terror, jogando uma bomba no seu lugar ou no seu inimigo preferido.

Mas todos eles estão errados, a lua é que quem, afinal? Talvez dos trans-homo sapiens, que do futuro nos pensam, a nós, que desaparecemos. A espécie Homut substitui a humana. Depois do ie-ie-iê, o gen-gen-gen. E vamos tomando ciência pela manhã, bebendo tecnologia pela noite e vomitando história na madrugada.

Eis aqui esse marzinho feito de uma margem só, outras margens vão surgir mas a nossa é uma só. E naufragamos. Isto é a consequência do que acabo? Talvez, mas não é a morte. Graças aos laboratórios criamos guelras e voltamos ao fundo do mar, como a primeira ameba. Lá estaremos a salvo da do terremoto que engoliu o Japão, do espirro que dissolve o cérebro, da gravidez em orelhas de rato? Encontraremos entre as algas mortas a vacina contra deus?

Num mundo tecnopântano rezamos. Apenas nos últimos quatro meses nasceram 428 messias, passearam pelos céus de cianureto 12 mil legiões de anjos com espadas de fogo, de laser, de fibra ótica, de espuma, de nuvem, holográficas. Oitocentas novas bíblias estão sendo escritas no ciber-espaço. Mil e 200 candidatos a Jesus se inscreveram para as próximas eleições. E tudo com desconto no Amazon.

Mas as tentações não nos deixam cair. Grandes corporações escrevem poesia. As indústrias das armas dançam balé. Os cartéis das drogas tocam sonatas. E os discursos se falam sem precisar mais das bocas, das faringes, das cordas vocais, do ar nos pulmões. O silêncio foi proibido em todo o território internacional e todas as letras S foram transformadas em cãezinhos para crianças pela reengenharia genética. Liberdade, liberdade, abre as patas sobre nós.

Todos os fatos são pardos. Que importância têm as coisas? Chips subcutâneos nos fazem reproduzir, escolhem a programação do compceltv, autorizam as compras, bombardeiam países. O fundamentalismo ao alcance de todos. A catatonia em três lições. Os dez pixels para a felicidade.

Até que o meteoro louco veio do nada e nos desdisse a todos.

Alice Barreira

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