segunda-feira, 10 de agosto de 2009

- LHUFAS - coisa com coisa nenhuma –


PEQUENO INDICIONÁRIO DE NUTILIDADES – 3

Boa-Noite-Alegria
[Do tupi]
S. m. Bras. Zool.
Pássaro da família dos arumará, distribuído pelo norte do Brasil e países andinos fronteiriços. Ninguém sabe ao certo sua coloração pois o Boa-Noite-Alegria vive nas partes mais inacessíveis da floresta amazônica e só canta quando escurece. Segundo lenda de dos M’baturemba, tribo da região, o Boa-Noite-Alegria tinha por função acordar o deus Tupã e fazia seu ninho no ombro esquerdo dele. Mas num dia de muita chuva o pássaro preferiu ficar encolhido em seu ninho, não acordou Tupã e a Uiara-Comedora-de-Gente devorou nove filhos do deus. Tupã pensou em destruir o pássaro, mas ao invés disso o obrigou a viver na escuridão por nove séculos, um para cada filho morto seu. Segundo os M’baturemba, a maldição termina no ano de 2057.

Cordisburgo

[Corruptela da expressão “corro de burro”]
Vocábulo que se origina da expressão “cor de burro quando foge”, que, por sua vez, seria inicialmente “corro de burro quando foge”. A cidade localizada no centro-norte de Minas Gerais ganhou esse nome ainda no século XVII, quando os tropeiros do sertão ali se reuniam para contar seus causos que, à semelhança das fábulas, sempre tinham uma moral. Com sua prosódia, seu sotaque, seu vocabulário esses tropeiros estavam participando da criação de uma forma de falar a língua portuguesa típica do sertão e que seria pesquisada e reinventada séculos mais tarde por Guimarães Rosa, natural de Cordisburgo. Diz-se que a expressão “corro de burro quando foge” era a moral do causo mais famoso ali contado, mas que se perdeu nos tempos, restando dele apenas a moral já sem sentido. Guimarães Rosa contou essa história no conto “No não longe voltei da raiva”, onde ele teria recriado o causo. Mas o autor do “Grande Sertão, Veredas” nunca autorizou a publicação desse texto.

Ímpar-ou-ímpar

[S. m. Bras. Jog.]
Jogo em que dois adultos ocultam uma das mãos e contam até três, para então usar da mão que estava à mostra, sacar com rapidez e destreza alguma arma branca escondida em suas vestes e sangrar seu contendor até a morte.

Palma do Asfalto
[Do latim asphaltu palma]
Planta descoberta pelo jardineiro Carlos A. em 1945, na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. A Academia Brasileira de Botânica no entanto nunca reconheceu a existência da flor, movendo uma campanha nacional de descrédito contra Carlos A. Desacreditado, ele se matou deixando um bilhete: “Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor.”

Pingo De Viola
S. m. Bras. Bot.
1. Pequeno arbusto da família das uremaias (Dieffenbachia lobus), de bagas vermelho-azuladas. Para tocar bem e vencer seus inimigos nos duelos musicais, os violeiros do interior do Brasil, principalmente da região do pantanal mato-grosssense, fazem dois breves que guardam, um dentro da viola e outro encostado ao coração. Esta seria também a planta que nasce nas margens do rio Hades, que banha o inferno e seu uso com esse objetivo seria, por consequência, um pacto com o demônio.
2. Lágrima do choro causado pelo toque da viola de cocho do pantanal. A mulher que se emociona a ponto de derramar o pingo de viola enfeitiça o tocador. Mas como ele está comprometido com o demo, o amor entre eles nunca se consumirá.

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