segunda-feira, 10 de agosto de 2009

“NÚNCARAS” – po+es+ia


MIRR STAUB E O BYSTRIQUE


Banská Bystrica é uma província da Eslováquia, na região centro-sul do país, faz fronteira com a Hungria e é banhada pelo Danúbio. Até o século XIII a região englobava uma parte da Hungria e possuía língua própria, o bystrique. Mas foi sendo invadida por todos os impérios que dominaram seguidamente a Europa Central e, nesse vai e vem de poderosos, a língua bystrique foi perdendo terreno e falantes, virando minoritária, chegando a ser proibida e por fim, completamente esquecida. Ou quase, graças a gente como o poeta e biólogo Mirr Staub. Natural de Banská Bystrica e descendente dos bystriques, ele luta para, mais do que preservar, manter viva a língua de seus antepassados. Tem um programa de rádio transmitido para toda a Eslováquia e falado única e exclusivamente em bystrique, a língua em que também escreve toda a sua obra. Por tudo isso, mas principalmente pela qualidade de sua literatura, Staub é sério candidato ao próximo Prêmio Nobel de Literatura. A seguir um de seus poemas, traduzidos diretamente do bystrique pelo poeta português Pedro Veludo, possivelmente o único caso de bilinguismo português-bystrique.

Ka da bleus ritco fasse mbelein tinte
Dustreblen rimna krys endema lets
Marnossablen dit vuna larne pinte
Uhgh nalen wiste pir sinso bervets

Lug blume cun gertresse – vader ven
Minda lub dontreval kalub sor
Monda jub darlembron tosan tizem
Ok çircen quisto trun jadozibor

Quis esginben nar destir cun den destirr
Çubi dês wister limne arosau
Pos qoladen zab loen garantun...

Ok trune cun gerdalen den tesir
Mendei fuss malumbei pressin treval
Ob fassem vena dit pór levunn


decifrar esse tempo é como achar
do ouro seu valor e seu desejo
sinto a brisa morna como o mar
e o brilho que me envolve nunca vejo

me embrenho pela estrada - o melhor cego
garimpando o que sei estar comigo
o seguro a correr maior perigo
o que guardo melhor é o que te entrego

da esfinge resta pedra sobre pedra
as respostas se divertem perguntando
como tremem nas mãos essas pepitas...

nos entres do maduro o novo medra
a polpa desse tempo é sempre quando
e a saga da paixão está escrita

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