quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CAROS AMIGOS


Segue a minha crônica que está na revista Caros Amigos de julho, já nas melhores bancas do ramo. Neste número temos uma imperdível entrevista com Frei Betto, refletindo sobre as eleições, o Brasil de hoje e sua história e otras cositas. E mais o time de craques de sempre.

OS TUPINAMBÁS E A FORMAÇÃO DO NOVO MUNDO EUROPEU

Não foi por acaso que, em 1500, os Tupinambás saíram do porto do Rio de Janeiro e navegaram até as terras do Novo Mundo, batizando-as de Europa. Eles sabiam muito bem o que iam fazer por lá: levar o primeiro processo de globalização ao continente desconhecido.

É verdade que de início se limitaram à retirada do Pau-Europa, mas com o ciclo da beterraba iniciaram a produção de açúcar, que exportaram para todo o Velho Mundo, desde a Argentina até o Canadá. Junto com o lucro vieram os conflitos com os índios europeus – franceses, ingleses, portugueses, espanhóis e os temidos holandeses, que se aliaram aos Xavantes quando estes invadiram o Nordeste da Europa em 1630, liderados por Juruna de Nassau e sua Companhia Xavante das índias Ocidentais.

Nos anos 1700, para explorar o ouro descoberto no interior da Europa, os Tupinambás são obrigados a importar mão de obra estrangeira, já que a indolência do europeu o torna incapaz de trabalhar nas minas. É criado assim o tráfico negreiro para a Europa, que dura até 1888, quando os Tupinambás promulgam a Lei Áurea e dão liberdade a todos os escravos.

No século XX, chegam as guerras de independência, com Churchill, De Gaulle, Stalin e outros líderes terroristas sacudindo uma Europa até então pacífica. E se no século XXI já não há mais colônias, há os populistas como Sarkozy e Berlusconi oferecendo milagres à população.

Mas a dura realidade histórica é que nada disso altera o quadro do subdesenvolvimento europeu. Afinal, seria ele resultado de séculos de imperialismo tupinambá ou do inóspito clima frio do continente somado à preguiça natural dos índios, sejam eles ingleses, portugueses, franceses ou alemães?

O autor é historiador e leciona na University of Tchucarramãe.

2 comentários:

  1. sensacional a inversão.
    lembrei do poeminha do osvald:
    "Quando o português chegou
    Debaixo de uma bruta chuva
    Vestiu o índio
    Que pena!
    Fosse uma manhã de sol
    O índio tinha despido
    O português."
    ;D

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  2. O espírito é exatamente esse, Jenny. E o Oswald é sempre uma ótima inspiração.
    Valeu,

    Beijo

    Cesar

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