Saiu do forno o novo número da revista Caros Amigos, com 3 entrevistas quentinhas: Marcio Pochmann, professor da Unicamp e presidente do IPEA, analisa o país e sua desigualdade histórica. É um prato cheio! E pra matar sua fome de informação, o professor da UFRJ José Luís Fiori fala da atual crise européia. E pra rebater: Inezita Barroso e seus 30 anos no comando do programa “Viola Minha Viola”. De sobremesa: os 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a nova onda do cinema latinoamericano e a arte nordestina na Feira de São Cristovão, no Rio de Janeiro. E por conta da casa ainda tem uma porção bem servida de colaboradores. Depois dessa, traz a minha crônica na pressão aí embaixo e fecha a conta! (Mas ainda tem o aperitivo: saiu também um número especial da revista só sobre eleições. Assim não há regime que aguente!)
OS TUPINAMBÁS E A FORMAÇÃO DO NOVO MUNDO EUROPEU
Não foi por acaso que, em 1500, os Tupinambás saíram do porto do Rio de Janeiro e navegaram até as terras do Novo Mundo, batizando-as de Europa. Eles sabiam muito bem o que iam fazer por lá: levar o primeiro processo de globalização ao continente desconhecido.
É verdade que de início se limitaram à retirada do Pau-Europa, mas com o ciclo da beterraba iniciaram a produção de açúcar, que exportaram para todo o Velho Mundo, desde a Argentina até o Canadá. Junto com o lucro vieram os conflitos com os índios europeus – franceses, ingleses, portugueses, espanhóis e os temidos holandeses, que se aliaram aos Xavantes quando estes invadiram o Nordeste da Europa em 1630, liderados por Juruna de Nassau e sua Companhia Xavante das índias Ocidentais.
Nos anos 1700, para explorar o ouro descoberto no interior da Europa, os Tupinambás são obrigados a importar mão de obra estrangeira, já que a indolência do europeu o torna incapaz de trabalhar nas minas. É criado assim o tráfico negreiro para a Europa, que dura até 1888, quando os Tupinambás promulgam a Lei Áurea e dão liberdade a todos os escravos.
No século XX, chegam as guerras de independência, com Churchill, De Gaulle, Stalin e outros líderes terroristas sacudindo uma Europa até então pacífica. E se no século XXI já não há mais colônias, há os populistas como Sarkozy e Berlusconi oferecendo milagres à população.
Mas a dura realidade histórica é que nada disso altera o quadro do subdesenvolvimento europeu. Afinal, seria ele resultado de séculos de imperialismo tupinambá ou do inóspito clima frio do continente somado à preguiça natural dos índios, sejam eles ingleses, portugueses, franceses ou alemães?
Cesar Cardoso é historiador e leciona na University of Tchucarramãe.
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