A ORQUÍDEA TATUADA, DE PEDRO VELUDO
Pedro Veludo ainda há de fazer sua árvore genealógica e descobrir que é tataraneto de Marco Pólo. Ou simplesmente filho do Gagarin. Porque Pedro vive rodando pela Terra. Só não vai para outro planeta porque ainda não existe como. Mas Pedro não é turista, é um cidadão do mundo. E o melhor de tudo é que Pedro adora contar as histórias de suas viagens. Ele é um excelente contador de histórias, sejam elas sobre viagens ou não. E acaba de lançar um novo livro: A ORQUÍDEA TATUADA, com registros, impressões de viagem, pequenas crônicas ou mini-ensaios sobre suas mais recentes andanças planetárias. Vale a pena conhecer a prosa de Pedro. Aí vai um pouco dela.
NA ÁFRICA, FORA DELA
Maputo, Moçambique.
Assisto, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, ao espetáculo de um grupo francês que mistura circo, música e dança. A platéia, repleta, consta de cerca de trezentas pessoas, das quais talvez apenas dez são de cor negra. NÃO ESTAMOS NA ÁFRICA.
O ambiente tem um quê de estranho que não consigo definir; os indivíduos de cor negra sentam-se nos quatro cantos da sala; o espetáculo começa com religiosos, africanos, vinte e cinco minutos de atraso. Ninguém reclama. ESTAMOS NA ÁFRICA.
As vestimentas, desde os tênis dos homens aos vestidos longos das mulheres, não têm nada a ver com os trópicos. NÃO ESTAMOS NA ÁFRICA.
Pelas frestas do anfiteatro, cabeças furtivas de negros espreitam. O preço dos ingressos ultrapassou o fundo de seus bolsos. ESTAMOS NA ÁFRICA.
Durante os noventa minutos que dura o espetáculo, estou na África, mas fora dela.
No final, as pessoas brancas entram nos seus carros estacionados juntos às calçadas das cercanias do Centro Cultural e depositam uns trocados nas mãos de negros sonolentos.
muito bom.
ResponderExcluirOi, Maira,
ResponderExcluirO Pedro é um ótimo escritor.
Abraço
Cesar