POESIA PRATO DO DIA / POESIA PRA TODO DIA
OS POETAS DO NADA:
MANUEL BANDEIRA
DEPOIS DE MANOEL DE BARROS, MAIS UM POETA DO
NADA, MANUEL BANDEIRA, QUE DECLAROU NUM POEMA: SOU POETA ,MENOR, PERDOAI. BANDEIRA
TAMBÉM SOUBE CONSTRUIR SUA POESIA SOBRE FATOS MENORES, AS PEQUENAS COISAS COTIDIANAS
, ATINGINDO UMA SIMPLICIDADE TÃO BEM CONSTRUÍDA QUE FEZ SUA POESIA ATRAVESSAR
OS TEMPOS.
Poema só para Jaime Ovalle
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
VELHA CHÁCARA
A casa era por aqui...
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.
Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinqüenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida... nos desenganos...)
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa...
- Mas o menino ainda existe.
ANDORINHA
Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .
O ÚLTIMO POEMA
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário