segunda-feira, 6 de julho de 2009

“NÚNCARAS”

Carochinhas Brazileiras

1.
história do brasil

Era uma vez...


2.
a primeira missa

o descampado está limpo
a cruz está pronta
os paramentos do padre, passados
as hóstias, cozidas

quem vamos pegar pra cristo?


3.
de família


thomas staden
irmão de hans
desembarcou na capitania de pernambuco
também capturado pelos índios
acabou devorado
e suas memórias
o vento espalhou na taba

azar distinto do irmão
ou costumes de outra tribo


4.
made in pindorama


sardinhas bispo
as únicas que não contêm catequese


5.
a vinda da família


lá vai uma barquinha carregadinha de...
fujões


6.
santa mãe!


a rainha não diz coisa com coisa
nossa primeira padroeira


7.
família real

rei dangola
quilombola
bom de bola


8.
os mares nunca dantes

desbravar
desbravata


9.
sonhos de uma noite de verão

ah se villegagnon ganhasse
ah se os inglezes had
ah se
ah se
ah se

e a gente aqui
esperando dom sebastião
e aturando tião


10.
my land

preciso juntar moeda
preciso correr preuropa
pra fazer canção do exílio


11.
herança


liberdade liberdade
abre as patas sobre nós


O poema “Carochinhas Brazileiras” foi classificado entre os dez primeiros no Prêmio Off-Flip de Poesia, da Feira Literária de Paraty e será publicado em breve, numa coletânea organizada pelo concurso.

3 comentários:

  1. Meu caro Oswaldo,

    Você é suspeito, suspeito. Mas quem não é suspeito? A poesia é suspeitíssima. Todos nós somos. A suspeição é nosso ponto de encontro, não é não?

    Beijo
    Cesar.

    ResponderExcluir
  2. A Cesar o que é dele! Ave!
    Muito boas as suas Carochinhas. Amei!
    Beijos!
    Valeria

    ResponderExcluir