segunda-feira, 12 de outubro de 2009

PATAVINA’S NEWS


De Nova York, nosso correspondente, franco e atirador, Jean Prévert.

Meu caro Cesar,

Para nós, meros ocidentais, desde pelo menos os gregos que a poesia e a lubricidade andam de mãos dadas. Mas convém não perder de vista que a poesia é uma representação da vida, da morte ou do ato de fazer vida, mas sempre representação, não substituindo o ato, seja ele qual for. Por isso a poesia erótica tem tanta função quanto qualquer poesia – ou seja nenhuma a não ser se estabelecer como arte.
Penso nisso e dedilho essas ideias mais uma vez sentado aqui na Grand Central Station de NY, com meu lap top ao colo e ouvindo chegarem e partirem os trens de hoje e dos ontens. E leio um poeta praticamente xará do teu blog: Patavina do Alcaçuz. Ele nasceu em 1939 na cidade de Alcaçuz, no sertão do Inhamuns, Ceará. E isso é bem perto de Assaré, a cidade natal de Patativa, de quem ele parece parodiar o nome, embora me negasse essa versão, em conversa que tivemos. Me garantiu sim que conheceu Patativa e até mesmo Zé Limeira. Mas negou conhecer João Cabral. Disse ainda que trabalhou na Marinha Mercante e assim teria rodado quase o mundo todo. Sua poesia vai se buscar e fazer na herança satírica que os romanos criaram e tantos portugueses deram continuidade (não foi, Bocage?). Estou organizando uma compilação de sua obra e fazendo um estudo dela e do poeta. Que tal você me arranjar um editor por aí? Enquanto isso, aí vai para você e seu Patavina’s em primeira mão a poesia fescenina de Patavina do Alcaçuz.

Abracadabraço do

Jean Prévert


O Poeta Patavina do Alcaçuz
Se Apresenta Ao Despeitável Público

o meu nome é patavina
não tenho outro de pica
como tem muito sacana
que gosta de uma futrica
deram de me chamar
de corno puto e marica
vagabundo e cachaceiro
pra me deixar titirica
mas o que essa gente diz
pra mim é tudo titica

sou vagabundo de fé
não vim ao mundo a trabalho
encho os córneos de pinga
e nunca que me embaralho
trepo com deus e o mundo
meu negócio é ser bandalho
pode ser homem ou mulher
eu me divirto e não falho
e se vierem os dois
aí mesmo é que eu me espalho

uma vez em petrolina
participei de uma orgia
começou de manhãzinha
e durou mais de dez dias
tinham oito freiras peladas
todas chamadas maria
três governador de estado
que baixaram enfermaria
e mais os rolling stones
animando a putaria

começamos a fudelança
lá pras bandas de minas
paramos em pirapora
pra enrabar dez albinas
no meio do são francisco
acabou-se a vaselina
mas chegamos a juazeiro
metendo por baixo e por cima
se a barca tivesse força
eu fudia até a china

2 comentários:

  1. gente, q doido. gostei pacarai desta fudelança. este povo precisa é disso, em vez de ficar dedando tecla o dia inteiro.
    bjs, homi

    ResponderExcluir
  2. Salve, Maira,

    Pois é, tanta coisa boa pra se dar dedada por aí e essa turma com mania de tecla. O Patavina do Alcaçuz é que tá certo!

    Beijo

    Cesar

    ResponderExcluir