segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

HOJE É DIA DE VISITA


O poeta e jornalista Claufe Rodrigues nos visita e traz uma conversa poético-paródica com Manuel Bandeira. Com certeza o poeta do Castelo lerá e rirá com todos os seus dentes de piano.
Quer mais poemas do Claufe? É só ir em
www.clauferodrigues.com। Uma boa dica também é o último trabalho em livro de Claufe: O Poeta Fingidor (Editora Globo): uma antologia de Fernando Pessoa, com iconografia que além de fotos traz desenhos e manuscritos, um DVD com documentário que Claufe fez sobre o poeta e foi exibido pela Globo News e prefácio de Carlos Felipe Moisés.

VOU-ME EMBORA PARA CASA
um poema-paródia para Manuel Bandeira

Vou-me embora para casa
lá sou inimigo do rei
lá tenho a mulher que eu quero
na cama que ainda não sei
Vou-me embora para casa
aqui eu não sou feliz
lá a existência é uma aventura
de tal modo inconseqüente
que Joana, a louca de Espanha,
não cala nem consente.
E voltarei a fazer ginástica
andarei de bicicleta na Lagoa
soltarei pipa no alto do morro
tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
do barulho e dos vizinhos
boto um Dylan no ouvido um Cartola na vitrola
pra me contarem as histórias
que no tempo de eu menino
só eles sabiam contar

Vou-me embora para casa
lá tem de um-tudo
é outra civilização
tem um processo seguro
de transar sem camisinha
tem computador, microondas, celular,
tem viagra e tem prosac (se um dia eu precisar),
tem prostitutas na pista
pro pitboy espancar.
E quando eu estiver mais triste
triste de não ter jeito
quando à noite sentir ganas de matar alguém
- lá sou inimigo do rei –
terei a mulher que quero
na cama que ainda não sei
Vou-me embora para casa.

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