terça-feira, 12 de outubro de 2010

BARATA VOA - vale tudo, menos porrada –

AS SUICIDAS ESTÃO CHEGANDO,
ESTÃO CHEGANDO AS SUICIDAS...


Já está nos ares internéticos a edição 42 das Escritoras Suicidas. Desta vez os temas são masturbação, proposta e Phoenix e os textos estão ilustrados pelas belíssimas fotos de Juh Moraes. Convidadas? Adélia Prado (que também está de livro novo: A Duração do Dia), Ana Peluso, a atriz e dramaturga Neusa Doretto e a poeta portuguesa Soledade Santos. Junto com elas, o timaço de sempre das Suicidas Futebol Clube Literário (aonde joga, na ponta esquerda, minha maninha Alice Barreira – que desta vez comparece com poemas masturbatórios). Ganhe ou empate, isto é: não perca! E não esqueça o endereço: www.escritorassuicidas.com.br
Agora, só pra dar um gostinho na boca...

até que o orgasmo nos separe

para João Ubaldo Ribeiro, com paixão

O anseio surge do nada, em qualquer momento ou lugar, e umedeço como se houvesse um caudaloso rio desaguando ardente no delta entre as minhas coxas.

Quando estou em casa, não tenho pressa. Combato o bom combate de prolongar ao infinito o torpor luxuriante. Experimento o intimismo prazer de me controlar, de não permitir que as mãos cumpram o previsível ofício das carícias obvias. Sou só pele, desvario, fantasias. Imagino cenas, leio poemas, ouço Mozart, um banho morno, uma taça de vinho tinto e, já inevitável, submeto-me ao gozo.

Se estou na rua o simples ato de caminhar é suficiente para me levar ao ápice. E é como se estivesse sendo possuída por toda aquela gente que cruza de um lado para o outro com a urgência dos estúpidos.

Ocorre, às vezes, um homem, uma mulher, que percebe, que me percebe, que se aproxima, que me abraça, me dá as mãos, que caminha ao lado até que o orgasmo nos separe.

Carla Luma


bilhete

Vazia. Vazia de palavras. Uma imensidão vazia de palavras. Silêncio de palavras. Não, silêncio não. Silêncio não era feito de palavras, não continha palavras, não reconhecia palavras. Era vazia de tudo. Menos do pensamento de estar vazia.

Mas não só isso. Era mais. Era vazia do tamanho do mundo de palavras. Um mundo feito de palavras vazias de palavras. Seca de palavras. Seca.

E a solidão ruminando cheias.

Ana Peluso

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