ADRIANO ESPÍNOLA
A poesia solar do cearense Adriano Espínola se constrói com musicalidade e concisão,
fugindo do derramamento verbal. Em uma das vertentes criativas de seus versos,
o poeta dialoga com a história da literatura, revelando suas leituras e conversas
e mostrando como foi construindo seus caminhos.
Adriano publicou os livros Táxi/Metrô (1996), Beira-Sol (97), Fala, Favela (98),
O Lote Clandestino (2002) e praia provisória (2006,
Prêmio 2007 de poesia da Academia Brasileira de Letras).
CAIS
Ó nau, de novo, ao largo mar te levam / as ondas!
Horácio
à beira
do
velho
cais
ondas
novas
levam
ao
vento
o teu
barco
e este
mo
mento
para
o mar
do nunc
a
mais
O PREGO
o que mais dói
não é o retrato
na parede
mas o prego
ali cravado
persistente
no centro da
mancha
do quadro au-
sente
A CEBOLA
Cortá-la camada
por camada
até chegar
ao centro.
(Ao bulbo do nada
do eu
mais dentro.)
Não chorar.
SOUSÂNDRADE
yea!
na
lín
gua
por
tu
guesa
a
por
tou
er
rante
um
guesa
Língua-mar
A língua em que navego, marinheiro,
na proa das vogais e consoantes,
é a que me chega em ondas incessantes
à praia deste poema aventureiro.
É a língua portuguesa, a que primeiro
transpôs o abismo e as dores velejantes,
no mistério das águas mais distantes,
e que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
que a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa a caminho dos instantes,
cruzando o Bojador de cada dia.
Ó língua-mar, viajando em todos nós.
No teu sal, singra errante a minha voz.
Ôpa!
ResponderExcluirDá pra ler uma segunda vez!
Abraço querido!
Valeu,
ResponderExcluirAbraço
Cesar