terça-feira, 12 de outubro de 2010

THAT’S ALL, FOLKS!



“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” É assim que Raul Pompéia abre seu livro O Ateneu, nome do colégio onde o personagem Sérgio vai passar dois anos de sua vida convivendo com o todo-poderoso diretor Aristarco. E vejam agora o final do romance:

“Lá estava; em roda amontoavam-se figuras torradas de geometria, aparelhos de cosmografia partidos, enormes cartas murais em tiras, queimadas, enxovalhadas, vísceras dispersas das lições de anatomia, gravuras quebradas da história santa em quadros, cronologias da história pátria, ilustrações zoológicas, preceitos morais pelo ladrilho, como ensinamentos perdidos, esferas terrestres contundidas, esferas celestes rachadas; borra, chamusco por cima de tudo: despojos negros da vida, da história, da crença tradicional, da vegetação de outro tempo, lascas de continentes calcinados, planetas exorbitados de uma astronomia morta, sóis de ouro destronados e incinerados...
Ele, como um deus caipora, triste, sobre o desastre universal de sua obra.
Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo – o funeral para sempre das horas.
Rio de Janeiro, março de 1888.”

3 comentários:

  1. emocionada

    pintou urgência
    em ler
    O Ateneu

    abçs

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  2. Pois é, essa é uma grande releitura. Aliás sobre esse tema tem um livro chamado A Escola e a Letra, que reúne textos sobre escola de autores brasileiros desde Vieira até hoje. É um barato.

    Beijo

    Cesar

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