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SONETO SUICIDA
O Stephan foi desgosto pela guerra.
Também Santos Dumont foi desalento.
O de Torquato e Péricles lamento,
Mas o de Allende ou Hitler nada encerra.
Razões de Ana Cristina estão na terra.
Jim Jones e outros loucos nem comento.
Mishima foi solene em seu intento.
No de Getúlio o povo é quem se ferra.
Difícil é saber quando é covarde
Ou quando é da coragem o disfarce.
É cedo? É tempestivo? É sempre tarde?
Talvez a eternidade na catarse.
Talvez o fatalismo que me aguarde.
Ninguém derrota a morte sem matar-se.
(Glauco Mattoso em Panacéia, Sonetos Colaterais, Nankin Editorial.)
+ + +
EPITÁFIO
Eu sou redondo, redondo
Redondo, redondo eu sei
Eu sou uma redond'ilha
Das mulheres que beijei
Por falecer do oh! amor
Das mulheres de minh'ilha
Minha caveira rirá ah! ah! ah!
Pensando na redondilha
(Oswald de Andrade em Poesias Reunidas, Editora Civilização Brasileira.)
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À MORTE
Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce lago
E, como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moirama, sou filha de rei,
má fada me encantou e aqui fiquei
à tua espera... quebra-me o encanto
SONETO SUICIDA
O Stephan foi desgosto pela guerra.
Também Santos Dumont foi desalento.
O de Torquato e Péricles lamento,
Mas o de Allende ou Hitler nada encerra.
Razões de Ana Cristina estão na terra.
Jim Jones e outros loucos nem comento.
Mishima foi solene em seu intento.
No de Getúlio o povo é quem se ferra.
Difícil é saber quando é covarde
Ou quando é da coragem o disfarce.
É cedo? É tempestivo? É sempre tarde?
Talvez a eternidade na catarse.
Talvez o fatalismo que me aguarde.
Ninguém derrota a morte sem matar-se.
(Glauco Mattoso em Panacéia, Sonetos Colaterais, Nankin Editorial.)
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EPITÁFIO
Eu sou redondo, redondo
Redondo, redondo eu sei
Eu sou uma redond'ilha
Das mulheres que beijei
Por falecer do oh! amor
Das mulheres de minh'ilha
Minha caveira rirá ah! ah! ah!
Pensando na redondilha
(Oswald de Andrade em Poesias Reunidas, Editora Civilização Brasileira.)
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À MORTE
Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce lago
E, como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moirama, sou filha de rei,
má fada me encantou e aqui fiquei
à tua espera... quebra-me o encanto
(Florbela Espanca, em Poesia Completa, Publicações Dom Quixote, Lisboa।)
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PREPARAÇÃO PARA A MORTE
A vida é um milagre.
Cada flor,
com sua forma, sua cor, seu aroma,
cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
o espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
o tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
— Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.
(Manuel Bandeira, em Estrela da Vida Inteira, Editora Nova Fronteira.)
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PREPARAÇÃO PARA A MORTE
A vida é um milagre.
Cada flor,
com sua forma, sua cor, seu aroma,
cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
o espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
o tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
— Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.
(Manuel Bandeira, em Estrela da Vida Inteira, Editora Nova Fronteira.)
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Cesinha,
ResponderExcluirbela a edição dos poemas sobre a morte. Nós que a amamos tanto, queremos que esteja cada vez mais distante para melhor saboreá-la quando chegar.
Abraço,
Oswaldo
Certíssimo, Oswaldo.
ResponderExcluirValeu, abração
Cesar