sexta-feira, 4 de novembro de 2011

FLAFLUS DA LITERATURA

Chego na porta da livraria. Será aqui? Entro e vejo a grande fila que atravessa o salão. Lá estão Bram Stoker, Vincent Price, Anne Rice, Zé do Caixão, Bela Lugosi, Murnau, Peter Cushing, Nosferatu, Christopher Lee e muitos outros. Não resta dúvida. É aqui o lançamento do novo livro do vampiro de Curitiba.

MARCADO

Sonho que acordo assustado no meio da noite. Um ladrão força a janela do quarto.
Corro para fechá-la, é tarde. O tipo repelente já enfia a cabeça e o peito adentro. Me fixa com ódio que mata.
- Desta vez, Edu, você não escapa.
- Por quê?
Roído de eterna culpa.
- O que fiz de errado?
- Você não me conhece. Mas eu sei de tudo.
Sim, pode ser. Eu confesso. Antes mesmo dele falar.
- Sei quem você é.
- ?
- Sei o canalha que você é.
E a sentença final.
- Tá marcado, cara.
Gaguejo, em pânico.
- Não pode ser. Não fui eu.
A culpa não é minha. Mas, do que, meu Deus? Afinal de que me acusam?
Ele, com desprezo e nojo.
- Já morto...
- Eu juro por tudo...
- ...e enterrado. Só que ainda não sabe.
Um grito de terror e desperto, agora sim, na minha cama – salvo!

Até quando?

(Em “O Anão e a Ninfeta”, de Dalton Trevisan, pg 77, Editora Record. O livro ganhou em outubro o prêmio Jabuti 2011 na categoria contos e crônicas.)

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