segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

UM CASO CRÔNICO


Eis aí a minha crônica mensal da revista Caros Amigos, que já está nas boas bancas do ramo de todo o país. No número de dezembro: Agrotóxicos envenenam a comida do brasileiro; entrevistas com Carlos Nelson Coutinho e com o ministro dos direitos humanos Paulo Vannuchi: “vamos abrir os arquivos da ditadura”. E o timaço da Caros Amigos, com Frei Betto, Ana Miranda, Emir Sader e muito mais.

SHAZAM!

E chega o fim do ano. Mas quem ainda precisa de calendários, Papai Noel, décimo-terceiro? Nós é que não. Estamos a um passo da perfeição. Mais do que um novo ano, uma nova era se inicia no planeta. Na noite de Natal, vamos todos assistir ao especial apresentado por William Obama e Fatimadona Bernardes. O Rio foi escolhido cidade-sede do evento. Mais de três milhões de pessoas vão lotar a praia de Copacabana para ver Deus em pessoa passar às mãos de Cristiano Ronaldo, o representante da humanidade e da Nike, não uma tábua, mas um kindle, com o novo e único mandamento que substitui os outros dez e diz: “Não Errarás”. E no site www.novomandamento.com as pessoas poderão votar e escolher o casal que vai passar três meses no paraíso, vivendo do mesmo jeito que Adão e Eva. E mais: Deus e Alá também vão estar lá, ao alcance das câmeras, e concorrendo ao título de melhor divindade.

Mas enquanto o Big Father não começa, Deus chama seu filho e Jesus apresenta à humanidade as novas hóstias que serão distribuídas a todos nas igrejas e farmácias. São feitas de prozac e viagra e dispensam receita médica. Quem toma se arrepende de seus erros? Muito melhor: quem toma não erra nunca mais. E ainda há o modelo infantil, de farinha orgânica e ritalina.

Seremos finalmente uma sociedade de super-heróis. Que venham os apagões, nós enxergaremos no escuro. Que venham as blitzes no trânsito. Nós gritaremos shazam e voaremos bêbados pelos céus da cidade. Que venham as doenças, as guerras e as mortes. Cada ser humano estará dopado o suficiente para não perceber nada.

E eliminaremos para sempre o medo do goleiro diante do erro.

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