Por Don King - nosso correspondente na Academia Brasileira de Letras e Artes Marciais
Well, dois peso-pesados ítalo-paulistanos se enfrentam।
Não vai sobrar porpeta sobre porpeta।
Que Nossa Senhora da Achiropita nos proteja!
E enquanto isso, o pau come na casa de Noca! Holly Shit!
Neste canto, com 70 quilos de puro italianismo, está Alexandre Marcondes Machado, o temível Juó Bananère, poeta paulista que escreveu numa enlouquecida mistura de italiano com português, criando uma língua pessoal e intransferível, e recriando poemas famosos de nossa tradição literária. Parodiou também La Fontaine e Machado, e até Dante, com La Divina Increnca (aliás, título de seu principal livro). Nasceu em 1892 e morreu em 33. A Editora 34 publicou “Juó Bananère, o Abuso em Blague”, onde Cristina Fonseca estuda a obra deste escritor e humorista. Lá, além da análise, podemos conhecer uma ótima seleção de textos de Juó.
MIGNA TERRA
Migna terra tê parmeras,
Che ganta inzima o sabiá.
As aves che stó aqui,
Tambê tuttos sabi gorgeá.
A abobora celestia tambê,
Che tê lá na mia terra,
Tê moltos millió di strella
Che non tê na Ingraterra.
Os rios lá sô maise grandi
Dus rios di tuttas naçó;
I os matto si perde di vista,
Nu meio da imensidó.
Na migna terra tê parmeras
Dove ganta a galigna dangola;
Na migna terra tê o Vap'relli,
Chi só anda di gartolla.
Do outro lado do ringue está Adoniran Barbosa, com seus 68 quilos de puro samba. Filho de italianos, João Rubinato – seu nome de batismo –, nasceu em 1910, morreu em 1982, era compositor, cantor, humorista e ator de rádio, tv e cinema. Adoniran é um dos criadores do samba paulista – que muita gente pensa que não existe – e cantou uma São Paulo que hoje só se encontra em suas músicas e graças a elas. São lugares como Jaçanã, a Saudosa Maloca, o Brás, e personagens como Iracema, Arnesto, Pafunça, Joca e Matogrosso. Se o senhor não está lembrado, dá licença de contar...
SAMBA ITALIANO
(Falado:) Gioconda, pitina mia,
Vai brincar alí no mare í no fundo,
Mas atencione co os tubarone, ouvisto?
Capito, meu San Benedito?
(Cantado: ) Piove, piove,
Fa tempo que piove qua, Gigi,
E io, sempre io,
Sotto la tua finestra
E vuoi senza me sentire
Ridere, ridere, ridere
Di questo infelice qui
Ti ricordi, Gioconda,
Di quella sera in Guarujá
Quando il mare ti portava via
E me chiamaste
Aiuto, Marcello!
La tua Gioconda ha paura di quest'onda!
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